
Mesmo estando no sítio - e adorando ficar por lá! - venho à cidade, uma vez por semana, para trabalhar. Dou passes e aplico reiki em uma fraternidade espírita. É meu modo de retribuir tudo de bom que recebo por lá: energia da boa, troca amorosa de conhecimentos e o senso de estar caminhando mais um pouquinho em direção a uma Angela melhor. Passando por BH, não pude deixar de vir aqui, contar para vocês como vão as coisas.
Pois é. Começou, de mansinho, a 'temporada das águas' por lá. A chuva tem nos batizado: tudo está mais verde e viçoso, há um renovar de esperanças para quem vive da terra, as cigarras 'cantam' sem cessar e uma turma grande de sapos e rãs vem à janela coaxar sua alegria.
Os últimos meses foram de seca e vento frio. No entanto, a natureza tem um relógio biológico que não falha. Mesmo sem água, com a chegada da primavera tudo começou a se renovar. Impressionante: flores nascendo em profusão, folhagens soltando novos brotos, a terra exalando um perfume diferente, orgânico, formigas saindo das tocas em fileiras em busca de alimento, passarinhos passando apressados para comer as frutas e a canjiquinha que ofertamos em bandejas generosas e, cheios de energia, indo cumprir o ritual de acasalamento. É vida se fazendo de novo.
Outro dia, aconteceu um espetáculo difícil de narrar. Vou tentar. Choveu forte durante cerca de uma hora e parou de repente. Já era noite. Saímos de casa e ficamos ouvindo o barulho dos pingos caindo das árvores e sentindo o cheiro bom de terra molhada. De um momento para o outro, não se sabe de onde, surgiu uma quantidade enorme de vagalumes. Começaram a voejar na mata atrás da casa, até que todas as árvores se encheram de luz, piscando sem parar. Parecia que o Natal havia chegado antes do tempo. Não conseguimos parar de olhar para aquela beleza e, de tanta alegria, meu marido, meu filho e eu começamos a rir e a dançar em roda, agradecendo a Deus pela oportunidade de estar ali, naquele momento.
É assim mesmo. Quando estamos mais próximos da natureza em seu estado puro e natural, nossos relógios biológicos também se acertam pelo ritmo das mudanças, constantes. Então, conseguimos nos despojar do nosso olhar urbano, exigente, e usufruir das belezas simples e, ao mesmo tempo, grandiosas que acontecem, a todo momento, ao nosso redor.
Volto amanhã para lá. As águas já voltaram. Vou lavar a alma. Beijos.