segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Era do Botão


(imagem do google)

Como nosso assunto por aqui é alimentação, exatamente todos os aspectos envolvidos me interessam. Vocês têm procurado por verduras e frutas ultimamente? Acredito que sim, pois o verão pede comida leve. E aí, têm encontrado com facilidade? E como vai a qualidade? E o preço?

Quando em BH, continuo indo aos mesmos lugares onde sempre fui, a procura destes produtos, e até tentado lugares novos. A realidade é sempre a mesma: cada vez menos diversidade, baixa qualidade e o preço... nas alturas!

Tenho certeza que quem aparece aqui pela minha cozinha é gente que já sabe algumas das razões para esta assustadora situação. O clima anda completamente louco: ora chuva demais, ora seca implacável. Não há planta que resista. Embora tenha certa ojeriza desta palavra, culpa nossa. Outro dia, estava assistindo um desses programas sobre vida rural, na tv, e um senhor, quase chorando, mostrava sua produção de melancias completamente perdida. Os frutos mais pareciam abobrinhas, não desenvolveram, estavam murchos e absolutamente imprestáveis.

A monocultura é outro problema sério: o plantio de hectares e mais hectares de um único produto, sem a necessária rotação do solo, para atender a demanda de uma população que só faz crescer, aumenta o número de pragas e perde-se safras inteiras. As alegadas boas safras de grãos obtidas nos últimos tempos em nosso país devem-se a alta tecnologia e um manejo nada orgânico da produção, ou seja, a aplicação de insumos em excesso. Não é de admirar que as doenças degenerativas estejam aparecendo cada vez mais cedo. Há, sim, algumas ilhas de produção, digamos, responsável de alimentos, mas são poucas ainda, o que faz o produto ter um custo mais alto. Aliás, assunto controverso: alguns especialistas afirmam que o problema do preço tem mais a ver com a 'lei da oferta e procura', a famosa 'mão invisível do mercado', do que mesmo com os investimentos diferenciados dos produtores.

Fiquei uma semana no sítio, onde tenho um pomar pequeno, mas eficiente e variadinho. Esta foi a época das mangas: comemos in natura, fizemos doce, congelamos conforme as normas, para termos o prazer de comer mangas sadias, sem aditivos, fora de época. Quer coisa melhor? A próxima safra é das goiabas e tudo se repetirá. Fora as bananas e os mamões, que são produtos perenes, dão o ano todo. Nossas frutas têm, sim, um bichinho ou outro, mas o sabor é, indiscutivelmente, melhor. Plantamos amendoim desta vez e daqui a seis meses estaremos consumindo uma fruta livre de venenos. Este é, também, tempo de taioba, cará (conhecido por alguns como inhame), quiabo e temos um pouco disto tudo, para consumo interno. Logo, logo estaremos, ainda, plantando hortaliças, tomates sem adubos químicos e sem o uso de defensivos agrícolas. Produção pequena também, que não chega para o ano todo, infelizmente. Por isso, tenho que fazer a maratona de busca por verduras e frutas nos mercados de BH e me entristecendo com o que constato.

O que isso tem a ver com a Era do Botão? É apenas uma analogia: a tecnologia de que dispomos atualmente é, de fato, avançada e, em alguns setores, nos beneficiamos dela. A área de saúde é um exemplo. No entanto, há produtos que se renovam a cada três meses, para aquecer o consumo e, aí, aparecem os celulares que fazem de tudo, basta apertar um dos inúmeros botões - ou teclas - e você está conectado com o mundo, seja lá o que isso quer dizer. Os automóveis, então, sob a alegação de oferecer maior segurança, possuem computador de bordo com os tais inúmeros botõezinhos para fazerem tudo por nós e deixarem nossos cérebros preguiçosos. Outra dia ri demais quando meu marido me mostrou as especificações de um modelo completo, que tinha até 'sensor crepuscular', para acender os faróis para nós automaticamente, pois, com os vidros cobertos por insulfilm cada vez mais escuro, não sabemos se lá fora já escureceu.

Será que precisamos mesmo de tudo isso? Não seria melhor que os investimentos fossem feitos nos setores que realmente importam para a vida humana? Ninguém come máquinas ou comida virtual. De que adianta uma engenhoca 'irada', como dizem os jovens, se não teremos o que comer? Se não teremos água potável? Se não teremos saúde para usufruir? E as crianças do planeta, que mundo as esperará?

Outros tempos... Muitos botões... E nós, aonde vamos?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Rapidinhas da cozinha: avelós

A planta que está aí em cima chama-se avelós. Encontrei esta imagem disponível no google. Na minha postagem anterior, reproduzi um artigo sobre garrafadas feitas com ela no norte do país e pesquisa posterior realizada por uma indústria de fitoterápicos da Amazônia e acompanhada pela Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária com vistas à futura comercialização de um medicamento.
Na volta do sítio, encontrei um comentário sobre o assunto, que publiquei na referida postagem, de um químico-fitologista da Universidade Federal do Paraná, o qual disponibilizou seu e-mail e mencionou já pesquisar a planta há algum tempo com resultados surpreendentes no combate ao câncer. Fiquei muito feliz com o contato, pois isso significa que o que estou fazendo aqui tem alguma ressonância também no meio acadêmico e, assim, podemos usufruir do material de pesquisadores sobre novas alternativas no tratamento de doenças.
Para quem quiser fazer contato com ele (eu, com certeza, farei) o endereço é:
Continuamos nosso trabalho de formiguinhas, na busca de saúde e qualidade de vida, pois não?
Beijos.
ATENÇÃO: Se você conhecer a planta, NÃO tente fazer uso dela por conta própria, pois é tóxica. Para obter seu princípio ativo, os pesquisadores se utilizam de tecnologia que torna o produto seguro.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Rapidinhas da cozinha: uma garrafada contra o câncer



Um homem chamado Tapajós, do Pará, conseguiu se curar de um câncer graças a doses diárias do medicamento conhecido no Nordeste como garrafada. Você acreditaria nesta história?

Everardo Ferreira Telles, presidente do Grupo Ypióca, que há 164 anos produz uma das cachaças mais famosas do mundo, acreditou.

E criou, em 2002, a Amazônia Fitomedicamentos, para comprovar os benefícios de um novo fármaco, inspirado nessa antiga receita indígena da garrafada, que reúne o líquido da planta avelós (ouvi falar dela pela primeira vez em 2006, comentário meu).

Cumprindo as etapas de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com Telles, o novo fitomedicamento promete atenuar os sintomas do câncer, ou mesmo curá-lo, sem provocar efeitos colaterais indesejados, como acontece com a quimioterapia.

A fase final da pesquisa, realizada pela Amazônia Fitomedicamentos, trabalha com testes em pacientes com tumores malignos na mama e na próstata. "A intenção é estender os estudos a outras áreas e abranger mais tipos da doença", diz ele, que recorre às garrafadas (as do Nordeste, mas talvez também as da Ypióca) para combater até colesterol alto.

O Grupo Ypióca comercializa 126 milhões de litros de cachaça por ano. Agora, Telles confia - e investiu R$ 40 milhões, nos últimos 11 anos, na área - no conteúdo das novas garrafas para expandir os negócios. No ano que vem, a pesquisa deve chegar à sua terceira e última fase, antes da aprovação comercial.


(Matéria de Bruna Santamarina para a revista Seleções do Reader's Digest brasileira, de dezembro de 2010, pág.19. Visite também selecoes.com.br).

Escolhas sensatas

(Foto-montagem de Erik Johansson, jovem fotógrafo sueco, encontrada no Google Imagens)

"Escolha sempre o caminho que pareça o melhor, mesmo que seja o mais difícil; o hábito brevemente o tornará fácil e agradável". (Pitágoras, filósofo grego)

Nossas escolhas não só determinam, como também pavimentam a estrada que vamos seguir na vida. Não é diferente com as escolhas alimentares.

Esta é uma postagem curtinha, mas garanto que essas pequenas mudanças vão fazer significativa diferença em sua vida.

Troque farinha branca por farinha integral: prefira pães integrais, que nos saciam com porções menores, além de aumentarem nossa ingestão de fibras. Se vierem com a adição de outros grãos, melhor ainda. Só tenha cuidado com a quantidade: farinhas são carboidratos e alguns grãos carregam muitas calorias.

Substitua açúcar branco por adoçante stévia, o único 100% natural, sem adição de outros edulcorantes perigosos para a saúde e livre de lactose. Existe, inclusive, na versão culinária, emagrecendo suas tortas e bolos. O açúcar mascavo, o mel, o melado de cana e a rapadura são opções saudáveis, porém devem também ser usadas com moderação. Há muitos anos foi publicado um livro, entitulado Sugar Blues, do qual não me lembro o autor nem a editora, que trata das mazelas decorrentes do consumo de açúcar refinado. Muitas deles todo mundo já conhece.

Ao invés de carnes gordurosas coma mais peixes de águas frias e profundas, como salmão, sardinha, arenque, dentre outros. Suas gorduras - os ácidos graxos ômega - são benéficas para a saúde.

Encha o prato de salada antes de ingerir os outros alimentos. Você vai descobrir que comerá menos arroz e feijão carnes e outros alimentos processados.

Resista aos alimentos industrializados o máximo que puder. Eles são muito práticos, é verdade, mas para sê-lo passam por processamentos que quebram as cadeias do alimento, além de perderem a maioria dos nutrientes. Não é preciso cortar tudo, use os que contêm menos aditivos químicos em geral.

Beba muita água, entre 1,5 l a 2,5 l por dia. Você estará limpando os rins e aditivando as fibras que ingeriu. Chás e sucos são muito bons, mas não substituem a água. Apenas complementam.

Em vez de 3 refeições diárias, faça 6. Nos intervalos entre as três principais, coma frutas, muitas frutas, de cores e sabores diferentes. Isto irá garantir o aporte diário de vitaminas. E você comerá menos nas refeições tradicionais.

Pare de comer 3 horas antes de dormir. No máximo, tome um chá com uma torradinha integral se sentir que poderá 'assaltar a geladeira' durante a noite. O nosso organismo é uma máquina muito inteligente e logo se adaptará a quantidades menores. Chá-mate nem pensar, contém cafeína e vai espantar o sono. O ideal mesmo é um bom chazinho de melissa officinalis - estão lembrados da erva cidreira?

A máxima 'pela manhã coma como um rei, ao meio-dia como um príncipe e à noite como um mendigo' é uma escolha sensata.

Nada de salgadinhos, frituras, porcaritos em geral. Eu sei, são irresistíveis... Mas, se você os evitar, poderá até fazer uma farra alimentar de vez em quando que seu organismo aguentará.

Reduza o consumo de cafeína. Preste atenção: eu não disse corte a cafeína, sugeri que reduza, porque, afinal, ela é estimulante do cérebro, porém causa osteoporose.

Faça uma festinha particular e despeça-se definitivamente dos refrigerantes. Tome o seu preferido brindando à decisão de abandoná-los. Os tradicionais destroem os dentes e enfraquecem os ossos. Os zeros contêm edulcorantes que, além dos outros estragos, podem, até, provocar crises de ansiedade e pânico. Aí, de vez em quando, mate a saudade comprando uma minigarrafa ou latinha, que, com certeza não fará mal algum.

Acredito que, com esses pequenos cuidados, em uma semana você já vai sentir a diferença. A Organização Mundial da Saúde mudou o foco de abordagem da saúde. Hoje a ênfase é na prevenção de doenças e a nutrição está incluída no pacote. O ideal é que, desde criança, a pessoa já receba uma alimentação saudável. Se não foi esse o seu caso - eu também faço parte de outra geração, que nada sabia sobre estas coisas -, nunca é tarde para reinventar sua história.

Saúde! Salud! Saluti! Santé! Good health! Gut gesundheit! etc. etc. etc.

Atenção aos códigos: EVITE, MUDE, REDUZA! LIBERADO!

P.S. Tudo que publiquei hoje é respaldado por minha experiência pessoal. Venho fazendo escolhas sensatas há algum tempo, sem radicalismo. Postei mais material porque amanhã... vou pra roça! Ô delícia! Volto em uma semana. Beijos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fechando um ciclo



Estou encerrando as postagens sobre ervas culinárias e seu usos medicinais. Não que eu não volte a falar de ervas quando necessário, ao abordar uma questão específica, ou oferecer uma receita em que alguma delas esteja presente. Vou apenas fechar um pacote que iniciei no ano que passou, para me dedicar a outros alimentos funcionais. Para encerrar com chave de ouro, vou falar do tomilho e da sálvia, pouco conhecidos e utilizados na culinária brasileira, mas de sabor e perfume irresistíveis.





O nome da espécie é Thymus. Conhecido por aqui como tomilho, denomina uma planta da qual existem vários subtipos. Para variar, perfuma as encostas das terras mediterrâneas. Sempre lá!



Em algumas culturas antigas, suas propriedades antisépticas poderosas eram responsáveis pela preservação de cadáveres (embalsamamento). De acordo com a lenda, uma bebida feita com tomilho foi dada ao jovem e belo Ganimedes - substituto da deusa Hebe, no Olimpo, responsável por servir néctar aos deuses - para torná-lo imortal.



Os jardins do monastério de St. Gall, na Suíça, eram cobertos com a planta, que dá uma florzinha branca e delicada, de aroma embriagador. Eram os jardins favoritos de Carlos Magno, rei de França, que ordenou que o tomilho fosse plantado em todas as suas propriedades.



A erva também foi largamente usada como inseticida e desinfetante e, na Páscoa, entrava nos ingredientes de um pudim tradicional chamado 'Tansy', nome da flor. John Evelyn, escritor e jardineiro inglês, escreveu, em 1699, que as folhas frescas de tomilho levemente cozidas e consumidas quentes com suco de laranja e açúcar eram um acepipe! Faço idéia...



Para decorar, o tomilho pode tanto ser plantado em jardineiras à janela, pois gosta de sol, como toda erva; ou desidratado, como uma sempre-viva, em um poutpourri de flores para perfumar aposentos. Fica lindinho!



Na culinária, tem inúmeros usos. Compõe o bouquet garni, da cuisine française, amarradinho junto com louro e salsa e usado para aromatizar e saborizar cozidos. É como eu uso, em qualquer cozido, seja de vegetais, seja de carnes. Por conter significativo teor de potássio, equilibra o sódio do sal de cozinha nos preparos.



Um raminho pendurado nas portas das casas e aposentos afasta mosquitos. Pode ser também acrescentado a sachês repelentes e colocado debaixo de tapetes, para espantar formigas e até ratos.




Já a salvia, cuja denominação oficial é salvia officinalis, tem sido muito apreciada através da história e em vários continentes por seus supostos poderes de dar longevidade a quem a consome. Há até um provérbio muito antigo, conhecido na China, na Pérsia e partes da Europa, que diz "How can a man grow old who has sage in his garden?" (Como um homem pode envelhecer se tiver sálvia plantada no jardim?). Era uma erva tão valorizada pelos chineses que, no século XVII, mercadores holandeses trocavam três punhados de chá chinês por apenas um de sálvia.



A palavra 'sálvia', do latim salvare, significa 'estar com boa saúde', 'curar', 'salvar', o que reflete sua excelente reputação. Para os romanos, era uma erva sagrada, usada em cerimônias religiosas.



Além de ser considerada uma poderosa erva de cura, a sálvia é também muito apreciada na culinária, geralmente usada sozinha, não combinada com outras. Um chef, certa vez, disse: "Na grandiosa ópera da culinária, a sálvia representa uma voluntariosa prima donna. Ela gosta de ter o palco só para si." Poética e pertinente comparação, no meu modesto entender. Concordam?



Bem, as flores da sálvia podem ser usadas em saladas. Aliás, o uso de flores em saladas, pouco comum no Brasil, é muito apreciada em preparos sofisticados. Em infusão, produz um chá balsâmico, reconfortante. Em algumas receitas estrangeiras, a sálvia é usada misturada à manteiga nos cozimentos; para dar sabor a queijos especiais; e, ainda, para saborizar e aromatizar vinagres. Eu uso quando cozinho galinha caipira. Faço assim: afogo alho, cebola, tomate e pimentão, e tempero com pimenta malagueta - para ativar a circulação - e sal. Coloco os pedaços da galinha limpos e sem a pele nesta mistura, adiciono colorau, para dar cor, e água, para cozinhar. Por último, coloco alguns raminhos de sálvia frescos e fecho a panela de pressão. Deixo cozinhar por cerca de 40 minutos. Fica bom!... E com uma vantagem adicional: aquele cheiro característico de galinha cozinhando se perde em meio ao perfume da sálvia, que enche a cozinha. O sabor, ah! inigualável. E a ervinha maravilhosa, de quebra, ajuda na digestão da gordura.



Aliás, sálvia auxilia a digestão em geral, inclusive em infusão - que é delicada e saborosa -, é antiséptica, antifúngica e... contém estrogênio natural, ajudando as mulheres que optam por não fazer reposição hormonal, reduzindo as conhecidas ondas de calor. Ajuda, ainda, a combater a diarréia. Alguns raminhos secos de sálvia entre as roupas de cama guardadas espantam os insetos.



Belas e deliciosas plantinhas de Deus! Para a gente usar e abusar. Beijos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Já foi ao banheiro hoje?

(imagem da internet)


Fiquei sem internet. Mais gente aqui na minha cidade também ficou, em datas diferentes. Caiu um toró com tamanha descarga elétrica na última sexta-feira que queimou o meu modem. O menino da operadora veio ontem aqui trocá-lo e disse que, no momento, está sendo chamado com frequência para, como se diz, 'correr atrás do prejuízo'. Coisas da tecnologia...

Bem, não sou automóvel, mas também faço 'revisão geral'. Presa em BH por causa das chuvas, sem poder ir para o sítio - tem uma parte da estrada que é de terra... -, aproveitei para fazer parte do meu check-up anual. Fui a vários 'istas': radiologista, mastologista, oncologista, oftalmologista. Agora faltam os exames laboratoriais e mandar aviar a receita dos óculos. Por este motivo, fiquei uns dias sem postar.

Entretanto, não parei de receber e-mails dos amigos, solicitando informações sobre problemas vários. Uma delas, minha seguidora do blog, está preocupada com a família, que, segundo ela, come "só uma vez por dia": o dia inteiro! O irmão está com problema de sobrepeso e uma prisão de ventre crônica muito típica de quem não presta atenção ao que come. Aí, pensei: este é um incômodo bastante comum nos dias de hoje, em que as ofertas de comida industrializada e a pressa estimulam a preguiça de preparar a própria comida e se alimentar de maneira saudável. Então, me decidi abordar esse tema nada glamuroso, mas essencial.
Já postei aqui sobre os tais leitinhos fermentados e iogurtes que prometem maravilhas para reativar intestinos presos. Na verdade, o mecanismo que os faz funcionar é uma substância que irrita a mucosa intestinal, o que não é a melhor escolha, uma vez que um órgão importante permanentemente importunado e agredido pode apresentar problemas mais sérios com o passar do tempo.
Equação óbvia: comida demais = prisão de ventre. Assim, reduzir o aporte de alimentos a cada refeição é o primeiro passo. Você acaba por reduzir também o aporte de energia necessário ao processo digestivo e terá reservas energéticas para enfrentar as outras agressões que o nosso corpo sofre só por estar vivo. Com o passar do tempo, o metabolismo tende a ficar mais lento. Nossos órgãos ficam mais preguiçosos. Um recurso para retardar esse processo e estimular, inclusive, o bom funcionamento do intestino é exercício físico. Diz o aforismo que 'saco vazio não para em pé'; eu afirmo, com convicção, que 'saco cheio demais arrebenta' e 'corpo parado enferruja'. Caminhada é a atividade física mais democrática que existe: é gratuita, não exige equipamentos especiais e você pode adequá-la aos seus horários. Portanto, não há desculpa. É bom lembrar que alguns medicamentos, como os antidepressivos, reduzem os espasmos naturais do organismo para se livrar dos resíduos. Sedentarismo só faz piorar o quadro. Quanto às refeições, uma sugestão que tem funcionado bem para a maioria das pessoas é comer pouco a cada 3 horas. A sensação de saciedade é permanente e, na hora das principais refeições, não se come desesperadamente para suprir a fome 'acumulada'. Frutas, sucos e barras de cereais são ótimos intermediários.
No entanto, se seu intestino ainda não corresponde às suas expectativas, há maneiras civilizadas, sadias e não viciantes de controlar o peso e eliminar o que o organismo não absorve. Já ouviram falar em alimentos ricos em fibras? Pois então: nunca se falou tanto sobre eles; aliás, nunca se falou tanto sobre alimentação funcional. Só não muda quem não quer. Livre-arbítrio! Se você é o tipo de pessoa para quem eliminar é tão difícil quanto um parto, aqui vão algumas sugestões, colhidas em variadas publicações. Um dado importante: mulheres sofrem mais de prisão de ventre que os homens. Os conselhos, porém, valem para todos.
Para início de conversa, existem dois tipos de fibras: as solúveis e as não-solúveis. As não-solúveis são aquelas que não reagem bem com a água. É necessário ter cuidado com elas, porque, por vezes, ingerimos, por engano, as fibras erradas. Em excesso, agravam a prisão de ventre. Estão presentes nas cascas de frutas e verduras e no farelo de trigo e necessitam de um aporte caprichado de água para funcionarem e fazerem funcionar. E isto interfere na absorção de alguns micronutrientes importantes, como o ferro e o cálcio. Nada bom. Portanto, dê preferência às fribras solúveis. Elas dão volume ao bolo fecal e estimulam os esfíncteres, estruturas musculares que contornam os canais e o orifício final do intestino e são responsáveis pelos movimentos de contração e descontração que precedem a eliminação. Onde encontrar as solúveis? Estão no farelo de aveia; nas leguminosas frescas e secas como o feijão, grão-de-bico, lentilha, soja; nas frutas com linhas, ou bagaço, como laranja, mamão, manga, pera, uva, figo, ameixa fresca, mexerica, abacaxi - que eu costumo chamar de 'vassoura natural'! -, frutas secas. Já a banana prata, só se estiver bem madura; de vez, ou quase verde, funciona ao contrário.
Desista dos laxantes comprados em farmácia - viciantes! - e invista nos laxantes naturais. Ameixa e mamão são os mais conhecidos. E, se tiver onde comprar, acrescente o tamarindo, levemente ácido mas incrivelmente saboroso.
Frutas oleaginosas, como as nozes, amêndoas, avelãs, amendoim e pistache são lubrificantes naturais. Cuidado para não exagerar: possuem gordura e são calóricas. No entanto, contêm selênio e zinco, minerais essenciais para a manutenção do bom trabalho metabólico. De uma a três por dia são suficientes para satisfazer nossas necessidades.
Em substituição aos leites fermentados, que contêm açúcar e perdem sua função digestiva, e os iogurtes 'milagrosos' sugiro um pré-biótico chamado kefir, geralmente encontrado em casas de produtos árabes. Possui lactobacilos vivos, os chamados 'grãos de kefir' e fermenta à temperatura ambiente. Limpa a membrana do intestino, aumenta a flora intestinal e protege o cólon, parte do intestino onde se tem observado um aumento na ocorrência de câncer.
Criar o hábito de ir ao banheiro à mesma hora, todos os dias - o que você vai ter que decidir de acordo com sua agenda particular -, mesmo que o resultado nos primeiros dias não seja tão satisfatório (poucas fezes, endurecidas e/ou ressecadas) é, no mínimo, FUNDAMENTAL!
Para finalizar, como não podia deixar de ser, aí vai uma receitinha que é tiro e queda. Reencontrei-a em uma revista antiga sobre alimentação funcional e saúde. O nome é engraçado e significativo. Chama-se
PONTUALIDADE INGLESA
Ingredientes
1 colher (sopa) de farelo de trigo
4 ameixas pretas sem caroço (óbvio!)
1 pode (200 ml) de iogurte natural desnatado
1 fatia de mamão
1 laranja sem casca, mas com a película branca e o bagaço
1 copo (200 ml) de leite de soja
Modo de preparo
Bata todos os ingredientes no liquidificador e não coe. Use todos os dias pela manhã, de preferência recém-preparada.
Apesar da ausência de glamour, esta contribuição dá alívio e protege um dos maiores aparelhos do nosso organismo, garantindo saúde e bem-estar.
Aí, já foi ao banheiro hoje?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Digressões sobre uma doença chamada câncer

(imagem da internet)

"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão,
Eu... passarinho!" (Mário Quintana)

Tenho postado sobre dietas e alimentos saudáveis também para portadores de câncer - somos considerados portadores até que completemos 5 anos sem recidivas ou metástases -, enfatizando, também, sua prevenção. Entretanto, quando começo a pensar sobre o assunto, sempre me pergunto: o que é o câncer? O que deflagra o seu surgimento? Por que algumas pessoas se curam e outras não? Por que gente que sempre se alimentou corretamente, nunca fumou, nunca bebeu, leva uma vida saudável um dia é surpreendido com uma notícia devastadora? Por que gente cada vez mais jovem tem sido acometida? Por que alguns indivíduos que fumam e bebem, têm péssimos hábitos alimentares e uma vida desregrada nunca tem a doença? Tantos porquês...

Todos sabemos que médicos e pesquisadores nunca se debruçaram tanto sobre o problema como agora, mas mesmo eles, por vezes, se assustam com fatos novos e se sentem impotentes diante da destrambelhada reprodução de células modificadas que acabam por minar o organismo, fazer sofrer, mutilar e consumir a vida. Às vezes, não.

Para alguns sistemas de crença, a doença é vista como castigo para ações consideradas desviantes. Para outros, é carma, uma forma de elevação a partir da provação. Para outros, ainda, é destino, algo que já vem traçado inexoravelmente antes de a pessoa nascer. Para os que não creem, tudo se resume a genética e fatores ambientais, como alguns hábitos perniciosos, estresse, sedentarismo e alimentação errada. Ou mero acidente biológico, quando não há explicação aparente.

Eu, que já passei pela experiência e até hoje não consigo entender o porquê, repito para mim mesma todas essas perguntas. Obviamente, não encontro respostas. Busco, então, serenidade e superação. Difícil, mas possível.

Penso que este é um caminho para aqueles que já passaram, estão passando ou ainda passarão pelo diagnóstico. Há que seguir vivendo, conscientes de nossa finitude e da nossa incapacidade de controlar os acontecimentos.

No entanto, não há de ser uma doença, por pior e mais assustadora que ela seja, que irá atravancar o caminho daqueles que escolheram viver e lutam com tudo que têm por esse presente de Deus e essa oportunidade de crescimento e evolução que é a vida no planetinha azul.

Por isso, estudo cada dia mais sobre hábitos e alimentos que possam garantir uma sobrevida mais longa nesta nossa casa chamada Terra. E vou disseminando esse conhecimento para meus companheiros de jornada, junto com amor e carinho, juntando forças para enfrentar o imponderável. E permanecer por aqui, com certeza!

Este é quase um desabafo. Tenho certeza que muitos já se fizeram as mesmas perguntas e, como eu, ainda desconhecem as respostas. Não importa muito: importa é que escolhemos não entregar os pontos e continuar existindo e, como canta Rita Lee, enquanto estivermos vivos e cheios de graça, talvez ainda façamos um monte de gente feliz.

Beijos . E como diz o aforismo, fé em Deus e pé na tábua!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vai de Melissa officinalis? Ou Physalis Angulata L.?

Hoje tenho duplo compromisso: o de publicar sobre duas plantas medicinais, para atender as necessidades específicas de dois seguidores e amigos.
Um deles está com problemas de acúmulo de secreção no tubo respiratório em razão de uma cirurgia recente, que ainda está cicatrizando. Normal: a secreção sempre é uma proteção para feridas abertas e o resultado da própria recuperação do organismo. Para ele, Melissa officinalis.

Quem é ela? Nossa muito conhecida erva-cidreira, por vezes confundida com o capim-cidreira. Não são a mesma planta. A erva é de pequeno porte e que cresce como a hortelã e até se parece com ela. A diferença, na aparência, é que a folha da hortelã termina arredondada e a terminação da cidreira é mais pontuda. Já o capim é uma gramínea, parecida com qualquer capim de beira de estrada, porém com um perfume inconfundível. Ambas são medicinais, mas têm usos específicos.
Avicena, grande médico árabe do século XI, já afirmava que a melissa "tem a admirável propriedade de alegrar e confortar o coração". Desde o princípio do século XVII, os monges carmelitas descalços preparam com esta planta a famosa 'água dos carmelitas', que foi um remédio muito popular contra os desmaios e crises nervosas, possívelmente decorrentes de histeria, ainda desconhecida como tal, e que acometia com frequência os religiosos confinados.
Suas folhas e flores contêm cerca de 0,25% de óleo essencial, rico nos aldeídos (= uma classe de compostos orgânicos) citral e citronelal, que respondem por sua ação antiespasmódica (espasmo = contração involuntária, com ou sem dor), sedativa, carminativa (= contra gases), digestiva e antisséptica (= desinfetante, que impede a contaminação). Esta última indicação é a adequada para eliminar secreções.
É útil nos seguintes casos:
1. Problemas nervosos: excitação, ansiedade, dores de cabeça de origem nervosa;
2. Estresse e depressão: funciona como um sedativo suave, equilibrador do sistema nervoso;
3. Insônia: tomada à noite, ajuda a vencê-la;
4. Cólicas menstruais;
5. Cólicas abdominais, gases, enjoos e vômitos;
6. Externamente é antisséptica, antifúngica (contra fungos da pele) e antiviral ( eficaz, inclusive, contra o vírus do herpes).
USO INTERNO
1. Infusão: 20-30 g de planta por litro de água. Tomar 3 ou 4 xícaras por dia.
2. Extrato seco: É costume administrar 0,5 g 3 vezes ao dia. Extratos secos vêm em cápsulas, preparadas em farmácias de manipulação.
Importante: Como se faz uma infusão? Coloca-se a água para aquecer e, assim que ferver, desliga-se o fogo e derrama-se a água sobre as folhas, abafando por, no máximo, 3 minutos. Retira-se as folhas e guarda-se o líquido para consumo. Aliás, deve ser assim com qualquer chá de folhas e flores.
USO EXTERNO
1. Compressas: Aplicam-se embebidas em uma infusão preparada na proporção de 30-50 g de planta por litro de água.
2. Banhos: A mesma infusão adicionada à água do banho por imersão. Caso não tenha banheira, minha sugestão é que coloque as folhas em um saquinho de pano fino e amarre na vazão do chuveiro. Eu faço assim.
3. Fricções: Aplicam-se com a essência diluída em álcool (álcool de melissa).
Como a melissa é planta de pequeno porte e ótimo calmante, procure tê-la em casa, plantada em vaso mesmo, para os momentos de crise. Quem não os tem?


Minha amiga enviou-me mensagem pelo skype, perguntando sobre a Physalis Angulata L. Disse-me que vai ganhar uma muda de uma conhecida, mas que a moça conhece a planta por outro nome. São vários: tomate-verde, tomate-capucha, camapu, dentre outros.
Esta plantinha, originária do México, nasce à beira das estradas de grande parte da América e a espécie angulata é cultivada também em Cabo Verde e Angola. Seus frutos são considerados um presente para aos caminhantes, por possuírem alto teor de água.
Seus frutos são indicados como diuréticos e levemente laxantes.
Seus caules e folhas contêm saponinas (substâncias que espumam na água, agindo como detergentes) e enzimas (preoxidases = antioxidantes). Por isso, são usadas contra erupções da pele, por seu efeito cicatrizante e anti-inflamatório. Tem sido usada com êxito em decocções no tratamento da psoríase, uma afecção da pele de origem hereditária, caracterizada pelo aparecimento de placas cobertas por escamas esbranquiçadas, mais comuns na cabeça e nos membros, podendo, no entanto, ocorrer também na região genital.
Esta mesma decocção de caules e folhas tomada por via oral é expectorante e antitussígena (= calmante da tosse).
USO INTERNO
1. Decocção: Ferver por 15 minutos 30 g de caules e folhas em um litro de água. Tomam-se 2 a 3 xícaras por dia. Pode-se adoçar com mel (é azedinha). Decicção é o modo como se prepara chás de caules e sementes.
USO EXTERNO
1. Compressas, embebidas no líquido da mesma decocção que se usa internamente.
2. Loções, sobre a parte doente da pele, com o mesmo líquido.
Postagem um pouco longa, porém espero ter esclarecido meus dois amigos. É para isso que o Notícias da Cozinha existe.
Um abraço.
Fonte: Enciclopedia de las Plantas Medicinales
Copyright da edição original: Editorial Safeliz, S.L., Madrid (Espanha)
As imagens que ilustram esta postagem encontrei no google imagens.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pomus granatus: fruta divina!

(imagem do google)
Na tradição cristã, amanhã é dia importante: o Dia de Reis. Não é feriado civil, nem religioso, porém possui um simbolismo considerável. Afinal, foi o dia em que poderosos reis da Terra se ajoelharam em adoração àquele rei menino que viera trazer uma proposta de amor fraternal e compaixão. Um rei cujo reino não era deste mundo...
Até hoje, isso não faz a menor diferença para um número significativo de pessoas: deste mundo, ou de outro, o fato é que aquele reizinho continua a ser venerado e suas idéias norteiam a vida de muita gente. Nas mais diversas tradições este dia é celebrado com orações nas igrejas e patomimas populares neste nosso país imenso e festeiro: folias, reizados e tantas outras manifestações regionais a louvar a criança divina que, nas palavras do poeta Pessoa, "é o divino que sorri e brinca".
Consta que os três Reis Magos, como se costuma chamar aqueles visitantes guiados por uma estrela a um estábulo onde repousava a criança, levaram seus presentes mais valiosos ao Menino Deus: ouro, incenso e mirra.
Anos depois, misturando história, fé e cultura popular, surgiram algumas superstições a respeito do Dia de Reis. Acredita-se que neste dia, em memória aos presentes preciosos levados pelos Reis Magos, pode-se realizar 'simpatias' para garantir que não falte prosperidade no novo ano que se inicia. Uma delas é a do pomus granatus (pomegranate), uma fruta maravilhosa chamada... romã! À noitinha deve-se separar 9 carocinhos da fruta e ir chupando de três em três, pedindo a cada rei, Belchior, Baltazar e Gaspar, que traga prosperidade a quem realiza a simpatia. Depois é só guardar as sementes secas enroladas em uma nota de dinheiro e colocar o embrulhinho dentro da carteira. Está assegurado que não faltarão recursos materiais durante o ano. Essas práticas mágicas - afinal, os reis eram magos! - são realizadas em meio a reuniões de amigos e familiares, um momento de descontração e de celebrar juntos, geralmente ao redor da mesa, composta das iguarias que cada um leva para encontro, como se fossem presentes para o Rei. Como se pode ver, tudo carregado de simbologia!
Simpatias a parte, o fato é que a romã, fruta de origem iraniana, é cultivada em toda a região do Mediterrâneo e de lá, atravessando o Atlântico, foi trazida para o Brasil. Em nosso país "tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza" encontrou as condições favoráveis para florescer e deixar de ser arbusto exótico, para se tornar fruta popular nestas paragens.
É um alimento muito saudável: altamente hidratante (84% de água por 100 g), baixo teor de calorias, excelente fonte de potássio, fósforo e algumas vitaminas do complexo B, além da vitamina C. Quem diria, não? Significa que também é símbolo de prosperidade no quesito saúde.
Como não podia deixar de ser, vai aí uma receita de suco de romã para estes tempos de verão e calor. E que, de quebra, ajuda a combater o câncer.
SUCO DE ROMÃ
Ingredientes
2 litros de água
1/2 xícara de mel
2 pauzinhos de canela
3 cravos-da-índia
20 unidades de romã maduras
Modo de preparo
Faça um chá com a água, o mel, a canela e o cravo, fervendo por uns minutinhos. Assim que esfriar leve à geladeira.
Lave as romãs e role-as sobre uma superfície dura com um pouco de força, como se faz com o limão, para quebrar as fibras e soltar mais suco. Abra-as e bata no seu fundo com uma colher de pau para soltar os carocinhos. Despreze a parte branca, que é amarga - mas, serve para fazer um bom chá para garganta inflamada (gargarejo somente), quando for o caso!
Passe as sementes por uma peneira, pressionando-as até tirar todo o suco. Misture ao chá previamente preparado e... delicie-se! Se quiser, adicione gelo picado. Eu dispenso.
De acordo com pesquisas consistentes, frutos vermelhos previnem cânceres de próstata e mama.
Feliz Dia de Reis! Beijos.
Em tempo: voltei para editar. Olha o que acontece quando a gente tem seguidores especiais. Vem contribuição na certa! O comentário da Zizi, do Bloguinho da Zizi, logo aí abaixo, vem acrescentar um uso do romã que eu desconhecia. E a Zizi querida ainda faz questão de ser modesta, pode?
É. Essa fruta é mesmo divina...

O fim do final

(imagem da internet)

Estranho título, não? Mas é isso mesmo: estive quase a encerrar este blog no ínício de 2011. Não foram os pruridos morais: já disse e repeti aqui que não sou profissional da saúde, nem tampouco nutricionista. Trago tudo muito bem apoiado pelas fontes que cito e as publicações que leio. Portanto, não sofro mais do constrangimento com que comecei a escrever, divulgando informações que juntei ao longo de muitos anos, simplesmente pela alegria de partilhar um conhecimento adquirido por gosto e que pode ser útil a tantas pessoas.

Também não foi o fato de ter poucos seguidores. São poucos, sim, mas muito especiais. É gente que ficou amiga, que veio aqui e se beneficiou com o conteúdo das postagens, que reviu a alimentação como fator de vida saudável e que, também, gentilmente, leu meus escritos sobre minhas experiências pessoais e me incentivou com seus comentários e seu carinho e generosidade.

Não foi isso. A angústia que me assaltou foi que, de repente, comecei a questionar se estava mesmo ajudando pessoas a melhorarem suas vidas através da alimentação, num mundo no qual a pressa e o imediatismo nos leva a comer mal, a comer errado e a sofrer as consequências destes desvios em nome de uma pseudo-realidade que fantasia a felicidade e o bem-estar, além de uma 'entidade sobrenatural' chamada 'ganhar tempo', seja lá o que isso significa.

Porém, eu costumo seguir os sinais.

Estive conversando com uma das amigas que fiz aqui na minha cozinha e falei da minha vontade de parar. Trocamos boas idéias e aí descobri novas possibilidades de ajudar se eu for postando por segmentos, oferecendo às pessoas com os mais diversos problemas de saúde - e também aqueles que querem se prevenir e investir em um futuro saudável - sugestões de alimentos que realmente funcionam. Jamais me esquecendo de que comer também é prazer - mas, no caso da alimentação funcional, um prazer duradouro.

Outro fato me reestimulou. Ler uma das postagens recentes de uma amiga igualmente querida, reforçou a minha certeza de que o mundo está morrendo de tanto comer. A oferta de tantos produtos industrializados, que 'facilitam'(?) a vida de quem, na verdade, tem preguiça, ou não encontra tempo para ir à cozinha preparar para si mesmo e os seus queridos, uma refeição, por mais simples que seja, mas saudável, é um dos fatores, dentre outros, para que mais e mais gente, e cada vez mais jovem, venha sofrendo as mazelas dos males degenerativos. Em um dos cursos de nutrição que fiz, não me lembro qual, alguém disse que a preocupação da Organização Mundial da Saúde é, já fazem uns 20 anos, com a degeneração da espécie humana, por causa dos 'confortos' da vida moderna - aí incluída a alimentação. A nova ênfase da entidade deveria ser, a partir daí, na prevenção.

Uma inversão de valores faz parecer que a felicidade está na facilidade, ou na beleza - quem resiste a um sanduíche com bacon crocante, queijo derretido, folhinhas verdes de alface e umas rodelinhas de tomate para disfarçar e uma carne processada sabe-se lá como, com um copinho daquele refrigerante borbulhante, cheio de aditivos químicos cujos nomes não sabemos o que significa? E os salgadinhos, quanto mais fritos, mais crocantes? E as massas cheias de creme de leite, com umas folhinhas de manjericão por cima, para dizer que 'tem vegetais'? E os biscoitinhos hipersalgados, tão viciantes? E os congelados, que ficam prontos em minutos num bom microondas? Se formos por aí, minha postagem vai se estender indefinidadmente, porque a lista de ofertas é interminável. E afinal, sempre existe alguma solução mágica - e tecnológica - para se 'correr atrás do prejuízo' depois do estrago...

Não vou entrar no mérito da comida como compensação, usada para preencher vazios interiores. Não é minha praia e não sou impertinente. A mídia globalizada, a todo momento, está martelando sobre a tecla das maneiras de se manter saudável - embora seja ela, também, a responsável por nos bombardear e seduzir com os objetos de consumo que criam a ilusão de felicidade, e pelos quais trabalhamos insanamente, nos esquecendo de nós mesmos. Há que ter olhos para ver, ouvidos para ouvir e coragem para fazer escolhas. Além de amor por si mesmo. Quem disse isso, consta, nasceu há mais de 2000 anos.

Depois destes questionamentos, percebi que ainda tenho algo por fazer na minha cozinha virtual. Parecia que havia chegado ao fim da minha contribuição. Mal sabia eu que estava, de novo, começando...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A amante do deus Hades

(imagem da internet)
Na mitologia grega, Menta era uma ninfa muito amada pelo deus Hades, o correspondente do deus romano Plutão. Quando sua mulher descobriu o affair, deu-lhe um ultimato e ele não teve outra alternativa senão transformar Menta em uma erva cheirosa. Desde então, a espécie Mentha passou a ser muito apreciada e valorizada. Há referências bíblicas sobre os fariseus recolhendo impostos pagos com menta, cominho e aneto (dill). Consta que os hebreus forravam o chão das sinagogas com a menta, que consideravam refrescante e preventiva de doenças, costume seguido séculos mais tarde nas igrejas italianas.

A menta como símbolo de hospitalidade é mencionada por Ovídio, poeta romano, que escreveu sobre dois camponeses, Baucis e Filemon, que esfregavam os pratos com a erva antes de servir os convidados. Os romanos também a usavam para saborizar vinhos e molhos. Já as mulheres que se embebedavam com o vinho e eram ameaçadas de morte por isso, mascavam, às escondidas, uma pasta feita de menta e mel para mascarar o hálito. Portanto...

Muitas espécies da erva foram introduzidas na Europa por volta do século IX. Um monge da época escreveu que eram tantos tipos diferentes que seria mais fácil contar as faíscas da forja de Vulcano.

Entre nós, a menta, mais conhecida como hortelã, costuma ser muito apreciada no preparo de um prato árabe, o kebab (quibe). No entanto, pode-se usá-la na culinária tanto para preparar uma simples infusão aromática e refrescante, como para elaborar sobremesas finas e delicadas junto com chocolate, ou ainda cristalizada, para decorar e saborear.

Quando plantada junto aos roseirais, protege as flores do ataque de insetos. Se espalharmos folhas de hortelã ao redor dos alimentos estes não serão atacados por roedores, o que é muito útil para quem mora em sítios e propriedades rurais. Espalhada dentro de armários e nas camas, a menta previne ataques de formigas, inclusive aquelas amarelinhas, conhecidas como doceiras. Ela também pode compor um potpourri de ervas e flores, amarradas em saquinhos, para perfumar gavetas.

(imagem da internet)
O chá de hortelã auxilia o processo digestivo, bem como nos resfriados e gripes, para aliviar a congestão nasal.
Atenção: não abuse deste chá na gravidez, ou se tiver problemas renais.

Não tinha razão Hades/Plutão de amar Menta?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pense leve

(imagem do google)
Acabou a festança. Foram-se os dias de celebração e, talvez, exagero à mesa. Chegou a hora de limpar o corpo e perder algum peso adquirido nestes dias. Janeiro é mês de férias para muitos e, como é verão, usa-se pouca roupa e a preocupação é com a boa forma.
Não é apenas uma questão de contar calorias, até porque é muito neurótico ficar contabilizando comida. É uma atitude saudável de se alimentar de acordo com a estação, que pede pratos leves. Por isso, comece pensando leve.

Que tal saladas e frutas? Aí vão duas receitinhas saborosas - e suas qualidades funcionais. Além de se aproveitar as sobras das festas.

SALADA FINA COM PALMITO E FRUTAS

Ingredientes

2 colheres (sopa) de azeite de oliva extra virgem

2 dentes de alho processados

1/2 cebola processada

1/4 de peito de peru

1 manga

1 xícara (chá) de abacaxi em calda escorrido (feito em casa, cozinhando-se o abacaxi em água com açúcar, até a água reduzir e o caldo ficar mais denso)

1/2 vidro (150 g) de palmito

1/2 xícara (chá) de milho-verde (pode ser o de latinha, cozido no vapor)

1 pepino em conserva

1 maçã processada grosseiramente

1/2 xícara (chá) de nozes processadas

Folhas de alface ou rúcula para guarnição

Uma nuvenzinha de pimenta-do-reino moída na hora (não exagerar, provoca desconforto abdominal)

Molho
1 limão

1 copo (200 ml) de iogurte desnatado

1/2 lata de creme de leite light sem soro

1/ colher (sopa) de cebola processada

1 colher (sopa) de mostarda

3 colheres (sopa) de vinho branco seco ou espumante

Sal moderado

Modo de fazer

Em uma panela aqueça o azeite e doure o alho e a cebola; acrescente o peito de peru desfiado. Reserve. em uma tigela, pique a manga, o abacaxi e o plamito e deixe escorrer bem. Misture com os outros ingredientes. Coloque tudo em uma saladeira forrada com as folhas de alface, ou de rúcula, e sirva acompanhada do molho. Para prepará-lo, bata todos os ingredientes no liquidificador.

Valores nutricionais

Azeite extravirgem = polifenóis = proteção para o coração e as artérias

Cebola: quercitina = afina o sangue e estimula o sistema imunológico

Alho = alicina = mesmas propriedades da cebola

Peito de peru = proteínas - carne magra

Frutas = betacaroteno e vitaminas = antioxidantes

Milho = cereal integral = antioxidantes

Nozes = zinco e selêmio = antioxidantes

Limão = vitamina C = estimula o sistema imunológico

Mostarda = cúrcuma, ou açafrão = antioxidante

Suco desintoxicante

Bata no liquidificador abacaxi e hortelã. Coe e tome imediatamente. Se preferir, adoce.

Valores nutricionais

Hortelã = clorofila = antioxidante


Gostou? Vem mais informação sobre hortelã, dando sequência às postagens sobre ervas.
Até breve.