(imagem do google)
Como nosso assunto por aqui é alimentação, exatamente todos os aspectos envolvidos me interessam. Vocês têm procurado por verduras e frutas ultimamente? Acredito que sim, pois o verão pede comida leve. E aí, têm encontrado com facilidade? E como vai a qualidade? E o preço?
Quando em BH, continuo indo aos mesmos lugares onde sempre fui, a procura destes produtos, e até tentado lugares novos. A realidade é sempre a mesma: cada vez menos diversidade, baixa qualidade e o preço... nas alturas!
Tenho certeza que quem aparece aqui pela minha cozinha é gente que já sabe algumas das razões para esta assustadora situação. O clima anda completamente louco: ora chuva demais, ora seca implacável. Não há planta que resista. Embora tenha certa ojeriza desta palavra, culpa nossa. Outro dia, estava assistindo um desses programas sobre vida rural, na tv, e um senhor, quase chorando, mostrava sua produção de melancias completamente perdida. Os frutos mais pareciam abobrinhas, não desenvolveram, estavam murchos e absolutamente imprestáveis.
A monocultura é outro problema sério: o plantio de hectares e mais hectares de um único produto, sem a necessária rotação do solo, para atender a demanda de uma população que só faz crescer, aumenta o número de pragas e perde-se safras inteiras. As alegadas boas safras de grãos obtidas nos últimos tempos em nosso país devem-se a alta tecnologia e um manejo nada orgânico da produção, ou seja, a aplicação de insumos em excesso. Não é de admirar que as doenças degenerativas estejam aparecendo cada vez mais cedo. Há, sim, algumas ilhas de produção, digamos, responsável de alimentos, mas são poucas ainda, o que faz o produto ter um custo mais alto. Aliás, assunto controverso: alguns especialistas afirmam que o problema do preço tem mais a ver com a 'lei da oferta e procura', a famosa 'mão invisível do mercado', do que mesmo com os investimentos diferenciados dos produtores.
Fiquei uma semana no sítio, onde tenho um pomar pequeno, mas eficiente e variadinho. Esta foi a época das mangas: comemos in natura, fizemos doce, congelamos conforme as normas, para termos o prazer de comer mangas sadias, sem aditivos, fora de época. Quer coisa melhor? A próxima safra é das goiabas e tudo se repetirá. Fora as bananas e os mamões, que são produtos perenes, dão o ano todo. Nossas frutas têm, sim, um bichinho ou outro, mas o sabor é, indiscutivelmente, melhor. Plantamos amendoim desta vez e daqui a seis meses estaremos consumindo uma fruta livre de venenos. Este é, também, tempo de taioba, cará (conhecido por alguns como inhame), quiabo e temos um pouco disto tudo, para consumo interno. Logo, logo estaremos, ainda, plantando hortaliças, tomates sem adubos químicos e sem o uso de defensivos agrícolas. Produção pequena também, que não chega para o ano todo, infelizmente. Por isso, tenho que fazer a maratona de busca por verduras e frutas nos mercados de BH e me entristecendo com o que constato.
O que isso tem a ver com a Era do Botão? É apenas uma analogia: a tecnologia de que dispomos atualmente é, de fato, avançada e, em alguns setores, nos beneficiamos dela. A área de saúde é um exemplo. No entanto, há produtos que se renovam a cada três meses, para aquecer o consumo e, aí, aparecem os celulares que fazem de tudo, basta apertar um dos inúmeros botões - ou teclas - e você está conectado com o mundo, seja lá o que isso quer dizer. Os automóveis, então, sob a alegação de oferecer maior segurança, possuem computador de bordo com os tais inúmeros botõezinhos para fazerem tudo por nós e deixarem nossos cérebros preguiçosos. Outra dia ri demais quando meu marido me mostrou as especificações de um modelo completo, que tinha até 'sensor crepuscular', para acender os faróis para nós automaticamente, pois, com os vidros cobertos por insulfilm cada vez mais escuro, não sabemos se lá fora já escureceu.
Será que precisamos mesmo de tudo isso? Não seria melhor que os investimentos fossem feitos nos setores que realmente importam para a vida humana? Ninguém come máquinas ou comida virtual. De que adianta uma engenhoca 'irada', como dizem os jovens, se não teremos o que comer? Se não teremos água potável? Se não teremos saúde para usufruir? E as crianças do planeta, que mundo as esperará?
Outros tempos... Muitos botões... E nós, aonde vamos?
8 comentários:
Ah Angela!
Aonde vamos?
A modernidade seria muito mais bem vinda se o homem tivesse mais condições para usufruí-la.
Alimentação saudável, saúde controlada, escolaridade mínima, educação em todos os sentidos.
Tanta modernidade e o tomate que compro no sacolão (pequeno mercado) tem gosto de BHC (veneno proíbido). A banana, hummm... que saudade do gostinho de uma que madurou no pé.
Laranja e mexirica ...gomos secos.
A salsinha, tão simples, gosto de veneno também.
Ás vezes estou preparando a comida e fico e perguntando se mesmo sendo feita em casa ela é saudável?
Abençoado teu cantinho onde vocês tratam tudo com o devido respeito.
Beijinhos
Zizi
Angela, parabéns pelo pomar que vc descreve com muita prpriedade. Também adoro mexer na terra, plantar e colher frutas diretamente do pé. Com referencia ao cará e inhame são tubercúlos totalmente diferentes. Existe o cará de rama, muito raro. Mas aí em Minas produzíamos dele.
Gostei do seu blog.
Bj
Sei não onde vamos parar...não gosto nem de pensar... a única imagem que me vem são as doenças cada vez mais implacáveis!
Angelinha, já pedi pro Zé semente do "tomate aéreo"rsrs Vc vai amar...dilícia!
Beijuuss n.c.
Boa noite Ângela. Vc tem uma bela cozinha no seu blog. Muito prazer, sou sua mais nova seguidora.
Beijos,
Carla Fernanda
Angela, minha amada.
Hoje foi um dia corrido , levei a minha pequena no neuro e ela deu trabalho, rsrrs.
Tempo? Deu para poder postar algo interessante, graças a Deus . Estou sem tempo amiga, mas quando me resta corro no meu cantinho e após algumas horas pesquisando eu posto rapidinho.
Como você está minha flor, qualquer coisa envia email.
Linda noite.
Beijocas,
Virna Soledade
www.superandocancerdemama-virna.blogspot.com
Olá ANGELinha, querida amiga.
Pois tens aqui uma excelente dissertação sobre o que já devia e há muito ter começado a ser invertido e não se vê grandes avanços.
A produção de alimentos sem aditivos, por cá é extremamente mais cara ao consumidor. Os produtores dizem que a razão não tem a ver com a pouca procura, mas sim com as perdas na produção, por não usarem os químicos que afastam a bicharada.
Felizes os que tem uma horta para consumo próprio, defendem-se nos aspectos da saúde, têm o prazer de plantar, ver crescer e colher os frutos desse trabalho de ligação à terra e ao que ela nos pode dar. Mesmo não chegando para o ano inteiro, já é um grande contributo.
Onde vivo, uma cidade média, ainda resiste uma e única mercearia à antiga e que só compra produtos a agricultores que tenham boas práticas de cultivo. Poderia esperar-se produtos menos desenvolvidos e com menos bom aspecto, mas não é o que acontece. É de maravilhar os olhos com o tamanho e aspecto do que lá vendem. O dono já está numa idade avançada e um dia não haverá continuidade. Lá teremos de recorrer aos grandes hipermercados, que é o que vai proliferando por todo o lado. Produtos com bom aspecto, mas que passados dois dias já se começam em casa a deteriorar.
No meu país, nem a monocultura ou outra qualquer leva de vencida. O território é pequeno e as couves deram lugar ao cimento e ao asfalto, não há como reconverter.
O clima aqui não permite, como descreves, haver fruta que vai dando o ano inteiro. Para ultrapassar a questão, os produtos são trabalhados em estufas o que não é a mesma coisa.
Cresci em Angola, onde o clima era favorável como o vosso, para ter-mos novidades todo o ano. Ah! que saudade, do clima, da fruta e das gentes. Outros horizontes.
Bem... estava por aqui à conversa o resto do dia com o gosto que tenho em aqui estar e aprender, mas outros afazeres me chamam.
Despeço-me deixando um beijo e kandandos e feliz por ti e família, que têm esse espaço maravilhoso para dele tirar tão boas energias que partilhas connosco.
Queridos amigos e seguidores, como podem ver, não estamos sozinhos em nossas preocupações com o futuro da Terra e seus habitantes. Afinal, temos descendentes e terra agricultável vai ficando cada vez mais reduzida, e a produção cada vez mais dependente dos insumos químicos. Haverá reversão? Não sei... Beijos pelo apoio ao meu desabafo.
Ângela
Essas questões nos preocupam e muito. Será que o ser humano encontrará uma maneira equilibrada de utilizar a tecnologia sem agredir o meio ambiente? Está tudo tão mudado. Que Deus nos dê discernimento! Um abraço! Ah! Enviei um email sobre o alecrim, acho que vc vai gostar! Bjsssssssssss
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