Apocalipse gourmet: coma antes que acabe
Estudos apontam 13 ingredientes que o aquecimento global e outras catástrofes naturais podem fazer desaparecer da mesa
Segundo os cientistas, a Terra deve apresentar uma elevação na temperatura de
2 a 3 graus até 2050 e o IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) prevê
um aumento de 5,8ºC nos próximos 100 anos. Se não forem controladas as emissões
de gás carbônico, as previsões podem se tornar verdadeiras. Confira 13
ingredientes que vão sofrer com as mudanças para aproveitá-los
enquanto ainda dá tempo.
Chocolate
O chocolate já foi bebida sagrada para as
civilizações pré-colombianas e se transformou em um grande hit mundial. Mas quem
não vive sem chocolate prepare-se. Daqui a 40 anos, segundo estudo da fundação
Bill & Melinda Gates, o hábito custará caro.
As principais áreas de cultivo do cacau, Gana e Costa do Marfim, podem sofrer
danos definitivos. O problemão é que esses dois países africanos são
responsáveis por 2/3 da produção mundial do ingrediente. Para tentar fugir dessa
realidade, fazendeiros começaram a procurar regiões mais frias e limitadas para
seu cultivo, que precisam de um alto investimento em tecnologia, segundo o
Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia.
Salmão
Os peixes são produtos sensíveis que vão sofrer muito com as alterações climáticas e a mudança de acidez dos oceanos. Segundo a National Wild Federation, o salmão terá problemas para se alimentar com os moluscos, cada vez mais ácidos, e também para se reproduzir, já que as ovas
serão arrastadas pelos rios.
Uísque
Os amantes da bebida podem sofrer com a falta de
quantidade e também qualidade. A Escócia, maior produtor de uísque, poderá ter
que enfrentar secas, enchentes e pragas nas áreas de plantio de cereais usados
na fabricação da bebida, como o malte. É o que diz uma pesquisa encomendada pelo
governo escocês em 2011.
Atum e bacalhau
O atum e o bacalhau também vão
sofrer os impactos. Segundo a pesquisa coordenada por Stephen R. Palumbi, da
Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o cenário em 2050 não será nada
bom. O estudo aponta que até lá nenhuma espécie marinha que usamos para fazer
nossos pratos será própria para o consumo.
Segundo os pesquisadores, algumas espécies já perderam 90% de sua população
total desde 1994. No caso do atum azul e dos peixes conservados como bacalhau,
tidos como nobres, a população caiu 92% nos últimos 60 anos. Além da
temperatura, essas espécies têm problemas com a pesca predatória.
Vinhos de Bordeaux
A região francesa de Bordeaux é uma
das mais respeitadas quando o assunto é vinho. Nem ela, área produtora das mais
antigas e responsável por 1/3 da produção da França, vai escapar. Alguns
especialistas dizem que com as alterações do aquecimento global, a área se
tornará imprópria para o cultivo das uvas em 2050.
A saída deve ser o uso de espécies geneticamente modificadas, que vão deixar
os frutos mais resistente às mudanças climáticas. O preço, com certeza, vai
subir junto com a temperatura.
Arroz
O arroz é a base da alimentação de muitas
culturas. Como falar para um japonês que ele vai ficar sem sushi ou para um
brasileiro que ele vai ter que fazer mudanças estruturais em seu PF? A colheita de arroz já tem mostrado quedas de
até 20% no rendimento dos últimos 25 anos. Uma pesquisa norte-americana
realizada com 227 propriedades rurais das principais regiões produtoras
(Tailândia, Vietnã, Índia e China) relaciona a redução com o aumento de
temperatura durante a noite. Para eles, as plantas estão gastando mais energia
para respirar em noites quentes, afetando a fotossíntese e o desenvolvimento da
plantação.
Mel
As colônias de abelha na Europa, América do Norte,
África e Ásia, começaram a dar os primeiros sinais de problemas. Segundo o
Departamento de Agricultura dos EUA, as populações de abelha diminuíram de 5,5
milhões, em 1950, para 2,5 milhões, em 2007.
Os principais culpados são os agrotóxicos e a poluição, mas uma corrente de
cientistas não exclui o aquecimento do planeta que vem alterando a floração como
uma das causas. Banana
A situação para os que gostam de banana também
não é das melhores. O alerta sobre a banana-nanica que vinha sido atacada por
parasitas, como o fungo sigatoka-negra, já foi dado há alguns anos. Ainda existe
uma penca de tipos de banana por aí, mas no futuro não há como prever se uma
nova praga não fará estrago maior. As bananas que consumimos hoje têm baixa
variedade genética e, por isso, maior vulnerabilidade.
Café
O café também está na mira. Algumas regiões
produtoras na América Latina já mostram indícios de queda na produção de seus
melhores grãos. Os cafezais precisam de temperatura e clima adequados, além de
um equilíbrio entre dias secos e chuvosos e isso não está acontecendo. As
chuvas fortes danificam as flores e o calor intenso acelera a proliferação de
fungos. Segundo a Embrapa, se a situação continuar assim, a produção de café no
Brasil pode cair 92% até 2100.
Mandioca
A mandioca pode não sumir totalmente do
cardápio, mas com certeza a variedade de espécies diminuirá, segundo estudo do
biólogo Nagib Nassar, da Universidade de Brasília. Alguns tipos selvagens já
começaram a sumir no cerrado brasileiro. As pesquisas que estudam a região desde
1970 revelam que três espécies já teriam sumido do mapa. Apesar de a mandioca
que usamos em casa estar longe da extinção, perdemos muitas oportunidades de
fazer cruzamentos genéticos com as espécies selvagens, que são mais ricas em
proteínas. O milho e o trigo também podem sofrer com esse problema.
Um pesquisa da Embrapa, baseada na estimativa do aumento da temperatura do
IPCC, é mais pessimista em relação à raiz. Para o órgão, a mandioca corre sério
risco de desaparecer ainda em 2020 em áreas cada vez mais quentes, como o
semi-árido nordestino. Por outro lado, outras áreas não terão temperatura
suficiente para a produção.
Pinhão
A associação internacional Slow Food criou uma
lista de alimentos que correm o risco de desaparecer nas regiões em que são
nativos ou pratos típicos com modo de fazer específico tradicional. A lista
brasileira conta com mais de 20 produtos, entre eles o pinhão tradicional da
região sul e das serras. A principal ameaça do pinhão é a coleta não
sustentável.
Palmito
O palmito-juçara é outro que está na lista da
Slow Food Brasil e pelo mesmo motivo: coleta não sustentável. A planta quase
sumiu de vez, até que seu consumo começou a ser substituído pelo do palmito
pupunha, de cultivo mais fácil.
Apesar dos esforços, o palmito-juçara ainda corre riscos. Nativo da região
Sudeste do Brasil, essa espécie sofre com a extração predatória há anos e tem
conseguido se manter graças à reservas indígenas guarani que mantém as palmeiras
nativas e fazem uma coleta sustentável.
:-(
8 comentários:
MI-SE-RI-CÓR-DIA Angelinha! Dessa lista só dispenso o pinhão e o uísque. O restante de jeito nenhum...é o fim do mundo ou mundo sem fim?
Beijuuss n.a. e inté amanhã
P.S: ah iluminada, tira essas palavrinhas daqui tira, vai?! Vc já sabe que não sou um robô!!!!
O aquecimento global vai afetar tudo mesmo. E se continuar assim, não haverá nem gente para comer os alimentos que sobrarem. Beijos e parabéns pelo blog.
Muito triste tudo isso Angela!
E por mais que se fale ou faça, os grandes não tomam conhecimento e ainda abafam os poucos que lutam pela causa.
Mas, não vamos desistir.
Beijinhos
A tudo dá-se um jeito.
Apesar de filha de nordestinos, dessa lista até a mandioca eu não amo de paixão.
Troco o Vinho e o Uisque por uma cerveja bem gelada.
O Salmão sempre esteve tão caro que eu tenho a impressão que esse já sumiu.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
Lamentavelmente, Wilma, eu adoro caldinho de mandioca, um bom vinho tinto e salmão, apesar do preço escandaloso. Mas vamos dar um jeito, sim: sempre demos. Por vezes a aparente adversidade pode ser uma oportunidade de reinventarmos as circunstâncias. Bjs.
Meu Deus! O caso é sério amiga!! E as pessoas precisam mesmo saber diddo e fazer tudo para evitar.... o que, infelizmente não está acontecendo n~eo é?
Beijos e boa tarde querida!!
Obrigada!!
:D
Só de pensar nisto fico assustado, mas já vivêmos um pouco a mudança.
Entretanto surgirão novas doenças pois os humanos ficarão mais frágeis.
Respeitemos mais o nosso planeta e conservemos as florestas e as plantas maravilhosas, os rios e os lagos e todos os animais da biodiversidade.
Como diz a Regina: Misericórdia! Eu dispenso da lista uisque, o resto não, e o meu preferido arroz? Olha não sabemos o que vem pela frente...que Deus nos guarde! Bjsss
Postar um comentário