quarta-feira, 31 de março de 2010

Hora do recreio

O último post foi muito formal, recheado de informações técnicas, embora eu sempre procure dar uma leveza ao que escrevo. Entretanto, achei que merecíamos um recreio, no intervalo entre um e outro. Ou um refresco... Refresco? Pois aí vai!
Toda vez que vamos trabalhar com frutas e verdinhos crus, é bom deixar à mão todos os apetrechos e ingredientes que serão usados, porque as vitaminas se perdem muito rapidamente, como também os polifenóis - lembra do azeite? - quando expostos à luz.
Vamos precisar de 1 liquidificador ou 1 centrífuga para quantidades maiores.

Suco vitaminado de abacaxi
Ingredientes
2 fatias de abacaxi
1/2 copo de água
1 colher (sopa) de aveia em flocos
1 colher (chá) de melado
2 folhas de hortelã lavadas
(estes ingredientes são suficientes para um copo grande)
Tempo de preparo: 5 min
Calorias por porção: 189 kcal
Modo de preparo
Pique o abacaxi se for fazer no liquidificador (não precisa se for na centrífuga). Acrescente os demais ingredientes, bata e tome em seguida. Não é necessário coar.
Essa vitamina é indicada para lanches e café da manhã. Para acompanhar as refeições, deixe de fora a aveia e o melado. É um suco refrescante e diurético. Para substituir a aveia, pode-se usar ração humana. Não adquira os ingredientes para fazer a sua ração em casa, porque não saberá com certeza há quanto tempo eles já estão expostos ao ar e se oxidaram. Sugiro a ração industrializada, que vem em caixinhas. Já existem marcas confiáveis disponíveis no mercado e são, em geral, encontradas em farmácias e lojas de produtos naturais.

Suco de manga com linhaça
Ingredientes (para um copo grande)
1 colher (sopa) de sementes de linhaça
3/4 de copo de água
4 fatias de manga
Tempo de preparo: 10 min mais o tempo de molho
Calorias por porção: 190 kcal
Modo de preparo
De véspera, coloque as sementes de linhaça de molho em meio copo de água filtrada. De manhã, escorra a água em uma peneirinha e lave aí mesmo as sementes. Coloque as fatias de manga no liquidificador ou centrífuga. Acrescente a água e as sementes de linhaça. Bata tudo e tome em seguida. Se quiser, adoce - não acho necessário. A linhaça regula o intestino e alguns estudos, principalmente os da Dra. Lilian Thompson, PhD da Universidade do Canadá, demonstram que previne câncer de mama e próstata.

Agora um segredinho meu: caso vá fazer sucos com muitas frutas na centrífuga, não jogue fora o resíduo que a máquina separa. É altamente nutritivo e, além do mais, comida não se desperdiça, certo? Eu faço o seguinte: coloco numa panela o resíduo e açúcar mascavo, na proporção de 1:1. Cozinho até dar o ponto e vira uma saborosa geléia. Que tal?

Boa Páscoa, cheia de amor no coração!



terça-feira, 30 de março de 2010

Nada radical - 1a. parte

"No meu prato que mistura de Natureza!
As minhas irmãs as plantas,
As companheiras das fontes, as santas
A quem ninguém reza...
(...)
As primeiras cousas vivas e irisantes
que Noé viu (...)"
(Fernando Pessoa /Alberto Caeiro)
O assunto de hoje é sério, importante, mas um pouco longo. Para não cansar, pensei em dividi-lo em dois posts. Ou três, quem sabe...
Já falei aqui sobre envelhecimento e oxidação. É um processo inevitável e irreversível; no entanto, vimos que pode ser adiado. Sabemos também, graças à intensa divulgação pela mídia, que radicais livres fazem mal e antioxidantes fazem bem. Bem, se é assim vamos consumir antioxidantes aos montes e ser felizes e saudáveis para sempre, certo? Não é tão simples quanto parece.
Há algumas décadas a ciência desvendou um dos mistérios por trás de doenças como cardiopatias, acidente vascular cerebral (AVC), câncer, diabete, mal de Parkinson, doença de Alzheimer, catarata e artrite: substâncias químicas altamente destrutivas, chamadas radicais livres. É preciso entender o que são eles. Trata-se de compostos com elétrons desemparelhados que se estabilizam por meio da oxidação de outras moléculas ("enferrujando-as" de fato). Tais moléculas incluem proteínas, carboidratos, lipídeos e... DNA. Durante o processo, esses compostos costumam gerar mais radicais livres, ativando um ciclo de destruição. O pior é que radicais livres são subprodutos da respiração e, por isso, um ônus inevitável da vida. Outros fatores também desencadeiam a sua produção, como exposição a raios X, ozônio, fumaça de cigarro, poluentes do ar, infecções microbianas e substâncias químicas industriais, além de atividades físicas intensas.
Após a descoberta, centros de excelência mundo afora puseram-se a pesquisar em diversas direções, com o objetivo de encontrar uma forma eficaz de neutralizar os radicais livres. Observou-se, então, que pessoas com uma alimentação rica em verduras, legumes e frutas estavam menos sujeitas aos males degenerativos. Concluiu-se daí que os responsáveis por isso eram os antioxidantes contidos nesse tipo de alimentação. Partindo da premissa de que radicais livres são 'do mal' e antioxidantes 'do bem', cogitou-se que ingerir suplementos e alimentos enriquecidos com tais substâncias seria uma maneira de evitar a oxidação e os males dela decorrentes. Simples assim.
Continua...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Pois é, as cebolas...

"Sou homem de muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! (...) Ao contrário dos místicos religiosos, que fecham os olhos para verem Deus, a Virgem e os Anjos, eu abro bem os meus para ver as frutas e legumes nas bancas de feira. Cada fruta é um assombro, um milagre. Uma cebola é um milagre. Tanto assim que Neruda escreveu uma ode em seu louvor: 'Rosa de água com escamas de cristal...' " (Rubem Alves, psicanalista, educador e escritor mineiro)

Pois é, falava de cebolas uns dias atrás. Para a prevenção de gripe e problemas respiratórios. Já que falei delas, venho oferecer mais algumas informações sobre essas 'rosas de água' tão saborosas.
Para entender um pouco mais sobre elas, é necessário esclarecer, antes, que "é classificada como substância trofoterápica todo agente químico e alimentar com propriedades de revitalizar as funções bioquímicas e biomecânicas do corpo humano". No caso da cebola são duas as substâncias: a primeira é o ácido sulfuroso de alilo, também presente no alho. Trata-se de um poderoso bactericida e antisséptico, o que torna a cebola um antibiótico natural. A outra é a glucoquinina, que é tida como insulina vegetal. Portanto, usada em suco vegetal, com outras hortaliças, ou ao natural, auxilia no controle dos diabetes.
Devem usá-la com moderação aqueles que sofrem de azia - não se esqueça de procurar o médico, se esse é o seu caso! -, como também os que têm dificuldade de digestão por qualquer razão, porque o ácido sulfuroso produz gases.
Para não perder o hábito, receitinhas 'espertas' e rápidas.

Sopa de cebolas
Ingredientes para 6 porções:
2 litros de água
Caldo de frango (podem ser 2 cubinhos industrializados, mas aí é preciso moderar no sal!)
1kg de cebolas
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
Noz-moscada e pimenta-do-reino a gosto
2 folhas de louro
6 fatias de pão
200g de um bom queijo parmesão ralado (opcional, afinal é gordura saturada...)
Modo de preparo
Ferver a água, dissolver os cubos de caldo e reservar. Descascar as cebolas e cortá-las em quatro, como pétalas. Dourar a cebola na manteiga, em fogo baixo, mexendo sempre, até que ela fique transparente. Acrescentar a farinha aos poucos, mexendo sem parar, para não empelotar. Temperar com noz-moscada e pimenta-do-reino e então adicionar a água com o caldo de frango. Por o louro, misturar bem e deixar levantar fervura. Provar o tempero e, se necessário, corrigir. Colocar a sopa em vasilhinhas refratárias, colocar uma fatia de pão sobre cada uma e cobrir com o queijo ralado. Levar ao forno quente para gratinar por cerca de 5 minutos. Servir bem quente.
Minha sugestão: usar pão italiano em fatias generosas, ao invés de pão de forma; não guardar para o dia seguinte, pois mesmo em geladeira a cebola oxida e aí vêm os gases...

Cebola Recheada com Cenoura e Ricota ou Tofu (queijo de soja)
Ingredientes para cada porção:
1 cebola grande
2 colheres (sopa) de cenoura ralada
1 colher (sopa) de ricota ou tofu
Salsinha
Sal e pimenta-do-reino branca moída na hora
Modo de preparo
Partir a cebola ao meio, retirar parte da polpa e picar. Misturar a cenoura, a ricota, a cebola picada e os temperos. Rechear a cebola, embrulhar em papel-alumínio individualmente e assar por 25 minutos.
Minha sugestão: se você aprecia sabores mais fortes substitua a ricota (ou tofu) por outro queijo de sua preferência.
O tempo frio vem aí: ótimo para sopas e receitas ao forno! Bom apetite!

Livro: COSTA, Luiz Carlos. Viva melhor! Com a medicina natural. Vida Plena: São Paulo, 1997

sábado, 27 de março de 2010

Aqui no blog - o retorno II

"Pense globalmente, aja localmente". (Pierre Weil, Unipaz)

Aqui no blog - o retorno

Fiquei uns dias sem passar por aqui. Andei ocupada com uma nobre atividade, graciosamente chamada de check up, ou seja, uma 'auditoria' completa do meu corpo, para verificar como venho funcionando... Afinal, eu me ocupo com saúde.
Engraçado: quanto mais tempo vou vivendo, mais tecnologia tenho ao meu dispor e mais longa fica a lista de exames no pedido médico. Tenho 61 anos e imagino: como será quando tiver uns dez a mais? Fotografam-me, nua, pelo lado de dentro; vasculham despudoradamente meus fluidos corporais; até meu sangue, indiscreto, revela mais sobre mim do que eu mesma sei! Tudo para que meu clínico geral possa me dizer se e quanto tempo ainda tenho para farrear no planeta Terra.
A partir daí, ponho-me a conjecturar: no momento conturbado em que nos encontramos, tudo toma proporções gigantescas. As ondas dos tsunamis são as maiores e mais violentas já vistas;
os abalos sísmicos assustam e causam calamidades sem precedentes; a ameaça de uma gripe globalizada paira sobre nossas cabeças; a economia desanda; cresce a violência gratuita; e por aí vai...
E eu, que, como canta Benjor, "moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza" fico impressionada: como é que pode morrer gente aos magotes com diarréia, ou uma (inconcebivelmente)incontrolável epidemia de ... dengue?!
Sei perfeitamente que este blog sobre alimentação e saúde que faço questão de manter não vai chegar às destituídas vítimas de males tão, digamos, triviais. Não perco a esperança, porém: num país onde, paradoxalmente, de um lado, se desperdiça comida e, de outro, se morre de desnutrição, acredito que uma ação mínima de cada um de nós, no nosso entorno, nos locais que frequentamos, com aqueles com quem convivemos - inclusive quem trabalha para nós e muitas vezes não dispõe de informações, ou não consegue processá-las -, disseminando o conhecimento de que dispomos e, quem sabe, fazendo um pouco mais, não precisaremos de efeitos gigantescos e espetaculares, 'tsunâmicos' talvez, para ir, aos poucos, revertendo esse quadro. Como se diz, uma caminhada de quilômetros começa sempre com o primeiro passo. Romântica? Pode ser. Mas não desisto!!!
Bom fim de semana!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Rapidinhas da cozinha

Sabia? Hoje é o Dia Mundial da Água! O que você anda fazendo para cuidá-la com o carinho que merece? Dia de refletir e partir para a ação concreta. Viva a água, de onde todos viemos!

Sou uma blogueira insipiente. Ainda não sei usar os recursos que incrementam tanto os blogs chiques que visito, mas vou aprender, prometo. Em breve, também estarei enfeitando com capricho a minha cozinha e as notícias que envio dela.
Por enquanto, tento passar conteúdo de qualidade, já que minha proposta é cuidar da saúde de quem me lê assim como cuido da minha, sem perder o prazer da boa mesa.
Agora, ideias fervilham! Há noites em que demoro a pegar no sono, pensando no próximo post e em como vou abordar o item seguinte. Tento fazer uma coisa sensata, que tenha uma sequência interessante, no entanto, nada rigorosa. Penso que é mais agradável para todos.
Uma das últimas intuições que tive foi criar pequenas notas com informações sazonais, apropriadas para o momento. Fiquei pensando em um nome para isso, pedi até o auxílio luxuoso dos amigos para criar alguma coisa 'simpactante' - simpática e impactante! Já escolhi: vai se chamar Rapidinhas da cozinha. Assim, toda vez que vir este título, já sabe que é uma nota de utilidade. Se gostou do nome - ou não - me conte, ou sugira outro também.
Pois então: só se fala em campanha de vacinação contra a tal gripe H1N1, ou gripe A. A imunização vem sendo feita em etapas, para prevenir sua disseminação, principalmente no inverno, quando todos estamos mais vulneráveis. Independente do nome e sobrenome do influenza, quem quer ficar gripado?
Existem alguns alimentos que auxiliam na prevenção de problemas respiratórios, reforçando a capacidade de nosso sistema imunológico. Afinal, a vacina antigripal não funciona para todo mundo, ou, por vezes, funciona apenas parcialmente. Para aumentar a chance de não se contaminar, duas boas estratégias são: lavar bem as mãos antes de levá-las à boca, ou tocar na comida, e evitar lugares de grande aglomeração. Além disso, coma mais maçãs, ameixas, brócolis, espinafre, alface e cebolas. O que esses alimentos têm em comum? Quercetina! Um poderoso antioxidante, que, comprovadamente, reduz o risco de gripe em camundongos em laboratório. Um dos pesquisadores, J. Mark Davis, da Universidade da Carolina do Sul, afirma, inclusive, que as cebolas roxas são ainda melhores, pois contêm quatro vezes mais quercetina que as outras fontes.
Pode-se consumir os alimentos crus ou cozidos, embora pareça - ainda não é conclusivo! - que o cozimento venha a facilitar a absorção do antioxidante.
Assim sendo, às cebolas! Tenho uma sugestão para que se possa ingeri-las sem o ardor e sem ficar com aquele cheiro bastante peculiar na boca: coloque um fio de azeite numa panela e frite as cebolas, picadas em quatro, formando pétalas - afirmam ser o melhor modo de cortá-las -, até que fiquem levemente transparentes. Você pode usá-las sobre saladas, carne grelhada, ou como e onde sua criatividade mandar. E aí, de sobremesa, maçãs e ameixas!
Saúde e bom apetite.

domingo, 21 de março de 2010

Domingo

Domingo. Chuva miúda lá fora. Na cozinha, silêncio absoluto, descanso geral, que todo mundo merece. Domingo é dia de ficar de pernas para o ar, alimentando a alma e o coração, concorda?
O outono já chegou no hemisfério sul, mas um calor residual do verão ainda persiste por aqui. Ligada como sou na natureza, pensei em postar uns hai-kais hoje. Hai-kais (haiku, em japonês), para quem não sabe, são poemas curtinhos que expressam uma única emoção, ou ideia. Surgiram no século XVI, com Bashô, poeta japonês, como uma forma de expressão do simbolismo budista e taoísta. A partir deste formato, autores os mais diversos, inclusive alguns muito famosos, de outras nacionalidades, como Ezra Pound e outros membros do movimento imagista, passaram a escrever hai-kais. Os mais fiéis mantêm o vínculo original com a natureza.
Meu querido amigo José Luiz, professor de literatura, (foureaux.wordpress.com) presenteou-me com um livro lindo, chamado, muito apropriadamente, Nas Sendas de Bashô, com os poeminhas de um pessoal muito bom, da Universidade Federal de Ouro Preto.
Aí vão alguns deles:


Gosto que me enrosco
de todos doces gulosos.
Festa de criança.
Um sol preguiçoso
tira soneca na tarde
coberto de nuvens.
Fresta de janela
mostra nuvens passeando...
Sonho prisioneiro.
(Autor: J.B. Donadon-Leal)
Nas gotas de chuva,
em para-brisas de carros,
coreografias.
Jardins nas sacadas,
gerânios pela janelas:
poemas no ar.
Fundo de quintal
mostra abacates maduros.
Por que o cão de guarda?
(Autor: J.S. Ferreira)
Contemplando a lua,
um furo de luz no escuro,
minh'alma flutua.
Seca, a folha cai
tão leve: que o vento a leve
aos céus de um hai-kai.
Vai florir hai-kai.
Bashô sobre mim baixou:
- Xô!, beija-flor, sai!
(Autor: Gabriel Bicalho)
Dizem sol e chuva
casamento de viúva.
Águas de verão.
Nuvens emplumadas
sem dó despejam do céu
um chão de granizo.
Paredão de pedra
no costado do Caraça;
broto de bromélia.
(Autora: Andréia Donadon Leal)
Uma delícia, não? Viciante... Já tentei escrever alguns... Tente você também!
Bom domingo. Até amanhã!
Em tempo: de acordo com meu amigo, faço cá uma correção: no lugar de 'pessoal muito bom da UFOP', leia-se 'pessoal muito bom do Aldravismo, em Mariana'.

sábado, 20 de março de 2010

óleo de oliva.com/the end

Difícil parar de falar de azeite extravirgem e azeites em geral, dada a versatilidade deste óleo e o sabor especial que adiciona aos alimentos. Além do valor agregado: saúde!

Como existe muita pesquisa e informação a repassar aqui, vou abordando um pouco de tudo e, se alguém quiser saber mais, solicite. O prazer é todo meu.

Vivo atenta às sicronicidades em minha vida. Interessante: esta semana estava na casa de uma amiga e havia uma Bíblia aberta no balcão... da cozinha! Curiosa, fui ler a página e encontrei a parábola do bom samaritano, que usou azeite para curar as feridas de um homem que fora assaltado e abandonado. Mais uma: no consultório de minha terapeuta, peguei, ao acaso - será? - uma revista Veja de 3 de março deste ano e havia também uma matéria curtinha sobre o azeite e seus outros usos. É assim: estou empenhada em um projeto e as notícias vão chegando.

Sabe-se que os mais diversos povos vêm usando esse óleo maravilhoso há milênios para as mais variadas finalidades. Substância completa, graças aos polifenóis, o azeite era considerado como um líquido múltiplo e milagroso. Suas propriedades medicinais faziam dele remédio para as feridas dos guerreiros e doentes - bem mais tarde, descobriu-se que a azeitona tem o mesmo princípio ativo da aspirina, daí o seu efeito analgésico. Utilizado também como combustível, alimentava as lamparinas e fazia parte de rituais religiosos, simbolizando a preservação dos dons divinos. Espanha, Grécia e parte da Itália elegeram o azeite puro de oliva para simbolizar a fartura. Quer abundância maior do que uma vida longa e saudável? Antigamente, nesses países, havia o costume de iniciar o dia tomando um cálice de extravirgem para a manutenção da saúde perfeita. Muitos séculos antes da passagem do Cristo sobre o planeta, a costa da Espanha já era coberta por oliveiras. E até os dias de hoje os espanhóis são os maiores produtores mundiais da azeitona, matéria-prima para a fabricação do azeite.

Óleo de oliva, por si só, já é uma preciosidade. Em saladas, no preparo de molhos, acompanhando massas, ele torna tudo mais saboroso, digestivo e perfumado. Assim como fiz com o vinagre, vou sugerir aqui duas receitinhas simples de azeite temperado - há muitas mais! - para você experimentar, inclusive, no pão nosso de cada dia. São receitas encontradas no site cybercook, que já testei e aprovei. Ambas pertencem à culinária francesa. Minha sugestão: escolha um recipiente de vidro bonito, porém escuro, para preservar os polifenóis. Esterelize com cuidado, lavando e escaldando com água fervente. Escorra bem.

AZEITE COM NOZES
Ingredientes
10 unidades de nozes sem casca e lavadas para tirar os resíduos
400 ml de azeite extravirgem
100 ml de óleo de milho
Modo de preparo
Coloque as nozes em um recipiente esterelizado e derrame o azeite e o óleo por cima. Tampe bem e aguarde 2 meses para consumir. Guardar em local fresco e ao abrigo da luz.

AZEITE PROVENÇAL
Ingredientes
Alecrim seco a gosto
Tomilho seco a gosto
Manjericão seco a gosto
Casca bem tirada de uma laranja - lave bem
500 ml de azeite extravirgem
Modo de preparo
Coloque as ervas e a casca de laranja em um vidro esterelizado. Aqueça um pouco o azeite em fogo baixo- sem ferver! Coloque o azeite no vidro tampe bem. Aguarde uns dias para incorporar o gosto. Dura aproximadamente 3 meses, guardado na porta da geladeira.
Sucesso nos preparos! Bom apetite! Saúde!

Site: http://www.cybercook.com.br/

sexta-feira, 19 de março de 2010

óleo de oliva.com/mais receitas

Uma das coisas que mais me dá prazer por viver parte significativa do meu tempo no sítio é porque ali estou afinada com os ciclos da natureza. Que são os ciclos da vida. Fico mais sensível, mais atenta e me deixo guiar pelos mínimos sinais.
Outro dia aconteceu uma coisa interessante: cheguei à cozinha às 5h da manhã e uma fileira de formiguinhas pretas, chamadas correição, havia invadido o lugar. Quando elas aparecem assim, organizadas em fileira, vem muita chuva por aí. Então, basta que você elimine algumas no meio da fila para que elas se desorientem, abandonem o lugar e se reorganizem em outro local.
Mais tarde, quando fui fazer um bolo, que leva azeite com um dos ingredientes, ao virar a lata no copo de medida, tive dificuldade para fazer o óleo passar pelo buraquinho aberto. Insistindo um pouco, comecei a ver um fio de óleo correndo para o recipiente com um montão de formiguinhas vindo junto. Caí na risada: um inseto tão pequeno que 'conhece' tão bem a riqueza alimentar do azeite é lição das boas. Ele é um alimento doce e também muito nutritivo e, de alguma forma, a correição sabe disso. Fiz meu bolo - sem formigas, claro! - e agora passo a receita para você. Um detalhe: a receita original está em um livro muito interessante, que ganhei de presente há alguns anos. Chama-se A saúde vem da cozinha, de Lydia Siqueira, uma senhora adventista, vegetariana e que também gosta muito de cozinhar. Acontece que a minha receita atual difere bastante da original, porque gosto de experimentar outras possibilidades, sempre atenta à saúde. Aí vai:
BOLO DE CENOURA
Ingredientes:
3 cenouras médias, descascadas e raladas (ou processadas)
3 ovos inteiros
3/4 de xícara (chá) de azeite (não precisa ser extravirgem, mas que seja de boa qualidade)
1 xícara (chá) de açúcar mascavo
1 pitada de sal
1 xícara (chá) de farinha de trigo branca (tipo 1 ou especial) peneirada
1 xícara (chá) de farinha de trigo integral fina peneirada
2 colheres (sobremesa) bem servidas de fermento em pó
Nozes picadas e passas (opcional)
Modo de preparo
Bater no liquidificador as cenouras raladas, os ovos, o óleo, o sal e o açúcar mascavo (prefiro este açúcar ao cristal, ou refinado, porque é mais doce e podemos usar menor quantidade). Reservar. Em uma vasilha a parte, colocar as farinhas, peneirando-as com uma peneira fina.
Derramar o líquido batido por cima e misturar bem, até obter uma massa homogênea. Agregar delicadamente o fermento (e as nozes picadas e passas) à mistura. Colocar essa massa em uma forma redonda, untada com manteiga e enfarinhada. Levar para assar em forno alto pré-aquecido, na prateleira superior, por cerca de 30 min, ou até que fique dourado. Minha sugestão: após os primeiros 20 min de forno, manter a temperatura alta, mas colocar um tabuleiro na prateleira inferior para que não toste por baixo e cresça bem. Tem dado certo.
Para quem gosta de bolo, esta é uma receita simples, saudável, cheirosa e bonita - porque se come primeiro com a visão e o olfato, não é verdade? Só não vale exagerar, porque carboidrato engorda e eleva a taxa de triglicérides no sangue. Para os celíacos, que não podem ingerir gluten, substituir a farinha de trigo por outro tipo de farináceo sem a proteína, e o açúcar por adoçante, o que vale também para os diabéticos. Garanto que a receita não perde nada em gostosura. Dispensa até a tão comum cobertura de chocolate.
No próximo post trarei receitas de azeite temperado, combinado? Até lá!

terça-feira, 9 de março de 2010

óleo de oliva.com

Azeite é bom com quase tudo, mes amis! Como hoje estou só de passagem pela web, já voltando para o sítio, vou deixar aqui apenas uma receita, muito chic por sinal, para dias especiais e convidados idem. Uma receita para receber, com pompa e circunstância. É muito fácil de fazer e mesmo quem nunca se arriscou a preparar um pão, e quiser tentar, vai ficar feliz com o resultado, bonito e cheio de sabor. E, de quebra, ganhará, certamente, muitos elogios por sua habilidade e bom gosto. Há alguma coisa de mágico na mistura dos ingredientes, no trabalho da massa e em toda a feitura de um pão; estou convidando você a experimentar. Voilà!

Elioti (pão de azeitonas)
Você vai precisar de:
4 xícaras (chá) de farinha de trigo especial ou tipo 1; 1/2 xícara (chá) de azeite de oliva extravirgem; 3 colheres (chá) de fermento em pó; 1 xícara (chá) de leite de cabra; 1/2 xícara (chá) de azeitonas pretas sem caroço; 1/2 xícara (chá) de cebola picada; 1 colher (chá) de hortelã fresca picada fina.
Como preparar: misture farinha, fermento e hortelã em uma vasilha e reserve. Refogue a cebola e as azeitonas levemente no azeite (o segredo é que o azeite fique o menor tempo possível no fogo, para preservar sua qualidade). Deixe esfriar e acrescente a mistura da farinha. Adicione o leite e trabalhe a massa com as mãos - a melhor parte! - até que fique homogênea e elástica. Deixe descansar por cerca de uma hora (até dobrar de tamanho). Uma sugestão minha que dá certo: abafar a massa na vasilha com um pano e colocar dentro do forno apagado. Em seguida, pré-aqueça o forno e asse em fogo alto até que fique crocante e dourado.
Esta delícia acompanha queijos e vinhos.
(Receita de Márcia Frazão, escritora dedicada às artes da magia 'do bem')

Vem mais por aí... Bom apetite! Dúvidas? Deixe sua pergunta num comentário.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Arrumação

É preciso varrer a casa, espanar os móveis
e refazer as camas.
É preciso incensar as salas
e temperar a cozinha,
preciso é vestir a mesa de renda
e de sol as janelas,
deixar o sol entrar e o mofo sair.
É preciso arrumar a casa que o amor vem aí.

Preciso é tomar banho e se perfumar,
vestir de domingo e esperar na porta;
nas mãos as flores do dia,
ou as lamparinas da noite.
É preciso vigiar, vigilar dia e noite
o amor que cheira no incenso da sala
e no tempero da cozinha.
É preciso arrumar a casa que o amor está aí.
(Wânia Amarante em QUARTO DE COSTURA)

Mulheres são especialistas nas artes e alquimia da cozinha e do amor. Que o diga Isabel Allende, em sua beleza de livro Afrodite. É preciso resgatar esta magia, esta delicadeza, mesmo em meio a uma rotina atribulada e cheia de outros convites, alguns deles igualmente saborosos. Meu abraço carinhoso no dia internacional da mulher, que se aproxima.

O que os povos do Mediterrâneo ensinam

Falávamos de uma dieta que nada tem de 'milagrosa', mas que demonstra, de fato, retardar as mazelas do envelhecimento. Está aí, nos livros, nas revistas, nos jornais, na tv, no google: a culinária mediterrânea.
E a estrela de primeira grandeza naquele canto do mundo é... o azeite extravirgem! Que, embora na moda, ainda é um ilustre desconhecido para muitos. Afinal, o que significa extravirgem?
Esse azeite é um óleo nobre resultante da primeira prensagem de azeitonas selecionadas - pressão física. Ou seja, não passa por qualquer processo de refino, conservando sabor e aroma peculiares. Suas cores, por excelência, são o verde e o dourado e seu grau de acidez não deve ultrapassar 1%. Um segredinho: quanto mais jovem (data de fabricação), melhor. Depois de aberto deve ser consumido em, no máximo, seis meses e ser conservado bem tampado e ao abrigo da luz. Tais cuidados visam preservar os polifenóis, substâncias responsáveis pelo brilho dessa superestrela. Eles são antioxidantes de ácidos graxos, ou seja, de gorduras, impedindo que se acumulem nas artérias e causem estragos no sistema cardiovascular. Além disso, os extravirgens são ricos em ômega 3, uma gordura (ácido graxo) 'do bem', que reduz os triglicérides, prevenindo os mesmos males.
Sabendo disso, sentimo-nos tentados a regar o prato com azeite extravirgem. Não é por aí.
Mesmo sendo uma gordura boa, ainda é uma gordura, portanto não se deve abusar. Temperança, sempre! Mas o óleo de oliva é um bom substituto para as gorduras saturadas. Por exemplo: podemos substituir a manteiga em vários preparos e mesmo no pão, com umas ervinhas para dar sabor.
Ficou com água na boca? As receitas vêm por aí. Até breve.

terça-feira, 2 de março de 2010

Inventando moda...

No sítio as quaresmeiras se dobram ao peso de tantas flores - lindas!; as goiabeiras, generosíssimas este ano, perfumam o ar, enquanto seus frutos, no tacho de cobre virando doce, perfumam a cozinha; o verde da mata atrás da casa é luxuriante e as borboletas, variadas, colorem o jardim, lembrando que ainda é verão, o "tempo das águas", como diz a gente do lugar, embora um ventinho frio, soprando pela manhã e à noite já sinalize que o outono vem por aí.


Em estado de contemplação, me pego pensando: qual o custo de uma vida longa? O que vale mais a pena: viver menos tempo na mais completa incontinência, abusando dos prazeres dos sentidos? Ou viver bons anos a mais, usufruindo dos mesmo prazeres com equilíbrio? Escolha difícil... A verdade é que a maioria de nós não tem qualquer pressa de deixar o planeta. Queremos viver muito, porque há - sempre! - 'tanta coisa a fazer, ainda'...


Todos sabemos que o acelerado progresso científico nos acena com uma expectativa de vida maior; isso quer dizer que viveremos mais, mas, não exatamente que permaneceremos jovens por mais tempo. A cirurgia plástica, cada vez mais sofisticada e detalhista, promete maravilhas - e cumpre! Entretanto, só arruma por fora. Por dentro, lamentavelmente, continua o processo, irreversível, de oxidação. E então? Queremos, sim, viver quantitativamente mais, porém, com qualidade, com prazer, enfim, com dignidade.


Está claro, hoje, que isso depende de uma combinação de fatores, uns controláveis, outros não. Segundo estudo conduzido por Jairo Mancilha, cardiologista, e Luiz Alberto Py, psiquiatra, e que virou livro, longevidade tem a ver com genética, fatores ambientais, aspectos emocionais e mentais e alimentação, não necessariamente nessa ordem.


Pois é: assim como os peixes também podemos morrer pela boca. Não por falta de informação. Afinal, na aldeia globalizada em que vivemos é possível conhecer - e experimentar! - hábitos alimentares saudáveis dos mais diversos povos e culturas.



Toda essa conversa vem por conta de uma dieta muito conhecida - e deliciosa! -, que já provou ser possível envelhecer bem, com elegância e capacidade preservadas: a dieta do Mediterrâneo. Mestre Guimarães Rosa disse que "espírito da gente é cavalo que escolhe estrada, quando ruma para o lado da tristeza e morte vai não vendo o que há de bonito e bom". Prefiro fazer outras escolhas. Mais saborosas.

Continua...

Para ler: Mancilha, Jairo & Py, Luiz Alberto. O caminho da longevidade: orientações para uma vida longa e saudável. Rio de Janeiro: Rocco, 2001