quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cuidando da casa, o planetinha azul

(imagem da internet)



O Governo Federal do Brasil, através de seu Poder Legislativo, determinou que sacos plásticos convencionais sejam banidos de todas as lojas e sejam substituídos por novos, oxibiodegradáveis, que custarão ao consumidor R$ 0,19 caso não leve seu próprio carrinho, ou sacola retornável quando for às compras. Muitos torceram o nariz, enquanto outros afirmam que já é tarde para se tomar tal medida, a qual supostamente atenderia apenas aos interesses de uns poucos - seja lá quem forem eles.

O fato é que, desde da última segunda-feira, 18/04/2011, Belo Horizonte saiu na frente na tomada de decisão de acabar de vez com os sacos plásticos. Se é tarde, ou não, não importa muito. Na minha modesta opinião, antes tarde do que nunca.

Fui ao sítio ontem, pegar mexericas, limões, plantar mais horta - orgânica! - e pagar minha colaboradora. Lá estava ela, espantada, como muitos, com a ausência das sacolinhas no armazém onde faz compras. Tentei mostrar-lhe a importância de tal atitude e ela, danadinha de inteligente, entendeu a minha fala. Tenho lá alguns exemplares da Revista Bons Fluidos da Editora Abril, pois gosto de folheá-los quando paro para descansar entre uma tarefa e outra. Vejam a sincronicidade: pego, hoje, ao acaso (?) a de no. 63, de agosto de 2004 e deparo com uma entrevista entitulada Novos caminhos para cuidar do planeta, feita com consultor sueco Karl-Henrik Robèrt, criador de um movimento chamado The Natural Step (O Passo Natural), uma organização que 'ajuda empresas e prefeituras a planejar estratégias para sobreviver e lucrar respeitando o planeta', nas palavras de introdução à reportagem de Ana Ban.

Passo a transcrevê-la.

Bons Fluidos: Como um especialista em câncer se transformou em consultor de desenvolvimento sutentável?

Karl-Henrik Robèrt: Na medicina pude ver como as pessoas são maravilhosas quando cuidam de crianças doentes, ou quando precisam lutar contra a doença. É quase insuportável ver como os humanos são cuidadosos a respeito de suas vidas e de seus filhos e, ao mesmo tempo, deterioram seu habitat, os sistemas naturais e as relações sociais - o que se expressa na violência, na desigualdade social, na falta de compaixão, por exemplo.

BF: É possível nos preocuparmos com o ambiente e com as questões sociais da mesma forma que nos preocupamos com nossos filhos?

K-HR: Não, porque os filhos estão muito mais próximos. Mas, se você os ama, vai compreender que os outros também amam os filhos deles. É possível permitir que essa compreensão mútua penetre nas decisões que se toma no dia a dia para viver de maneira a não prejudicar ninguém. E esse é um jeito bem melhor de viver, isso é qualidade de vida: você se torna parte da solução, e não do problema, o que é ainda mais compensador. Por exemplo, há o problema do volume de lixo. Se não levar suas embalagens para reciclar, você contribui para que o dano permaneça. Se, de alguma forma, reciclar, estará do lado da situação.

BF: The Natural Step pretende ensinar isso?

K-HR: Eu acho que é mais produtivo explicar tudo em um nível bem básico, fazer as pessoas entenderem o que está acontecendo e deixar que elas mesmas criem suas soluções. O ideal é que encontrem seu próprio guru dentro de si.

BF: O que significa sustentabilidade?

K-HR: Podemos defini-la em três nãos: a não-degradação da natureza, a não-acumulação e a não-extração de materiais nocivos (como o mercúrio, que contamina a água, causando doenças), além do não-crescimento da quantidade de compostos químicos (por exemplo, novas marcas de agrotóxicos ou novos produtos de difícil reciclagem). Dentro desses limites ecológicos, as necessidades humanas são atendidas, resultando em uma sociedade sustentável. As soluções para a Suécia podem ser completamente diferentes das do Brasil, assim como as respostas de um banco e as de um fabricante de hambúrgueres, mas todos têm que atender a esses princípios. Isso é possível com as tecnologias existentes. Mais que possível, é necessário, senão o mundo se transformará em uma república de insetos.

BF: O desenvolvimento sustentável é também uma questão que envolve aspectos sociais?

K-HR: Toda a comunidade científica sabe que não é possível lidar apenas com a sustentabilidade ambiental, ou apenas com a social. Sabe-se que é na tensão entre esses dois aspectos que estão as soluções. É preciso atender às necessidades humanas dentro das restrições do ecossistema, e é aí que estão a criatividade e a inteligência (grifo meu).

* * *

Alguns comentários:

1. Nada mais atual que a fala deste senhor;

2. Mesmo não havendo coleta seletiva de resíduos na área onde resido, separo os recicláveis do orgânico e levo aos locais de coleta. Isso já faz uns 17 anos e não consigo mais parar. Em BH o orgânico vai para o lixo mesmo; no sítio, vai para a composteira e vira adubo igualmente orgânico. Além disso, reutilizo quase tudo e escolho as embalagens por sua capacidade de degradação em curto prazo;

3. Aos resistentes e preguiçosos, lembro a história do beija-flor que levava gotas de água no bico para apagar um incêndio na mata. Faziam ironia com ele, perguntando se esperava apagar o fogo com o pouquinho de água que conseguia levar, a cada voejo. Ao que ele, inteligentemente respondia: 'Pelo menos estou fazendo a minha parte'.

Que cada um faça a sua. Beijos.
(imagem da internet)


Para ler: Natural Step - A história de uma revolução silenciosa, de Karl-Henrik Robèrt (Editora Cultrix)

4 comentários:

Carla Fernanda disse...

Oi querida leio também esta revista Bons Fluidos e gosto muito!
Atitudes como estas não só são louváveis como necessárias à sobrevivência do nosso palanta.
Beijos!!
Carla

Bloguinho da Zizi disse...

Angela
Lembro de quando era criança e ia com minha mãe ao mercadinho, à feira, à venda, ao empório....sempre com a sacola de pano nas mãos. Tinhamos duas, em dois tamanhos. Sujava...lavava. Estavam sempre novas, visto que eram de lona. E só me lembro das duas sacolas em toda a minha infância e adolescência, quando as sacolinhas plásticas surgiram.

Concordo com vc, antes tarde do que nunca. Acredito que podemos começar em qualquer momento, que sempre valerá a pena.

Façamos,sim, a nossa parte.
Afinal a nossa casa pede por isso.

Beijinhos minha querida e que tua Páscoa seja de Paz e Renascimento.

Zizi

ONG ALERTA disse...

Importante é cada um de nós fazermos nossa parte, beijo Lisette.

Cristina disse...

Ângela
Se cada um de nós fizermos nossa parte o planeta ficará bem melhor. Aqui eu tb já separo o lixo, temos coleta seletiva. Mas o mais difícil é convencer a todos. Ainda usamos as sacolas de plástico, mas logo já não terá mais no supermercados, bom né? Fica com Deus e Boa Páscoa para você e sua família! Um abraço!