segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alpiste humano

(imagem da internet)

Já fui hippie. Na América, o movimento surgiu em oposição à guerra do Vietnã. Jovens americanos, aos milhares, eram enviados ao front de um país que mal conheciam de nome. Os que não morreram, voltaram com sequelas físicas e/ou emocionais - afinal, a população civil, miserável, fora massacrada.

No Brasil, a atitude flower power teve outro desenho. Gente cansada de uma sociedade consumista e neurótica, resolveu aproveitar o modelo e partir para um estilo de vida mais simples, gregário, em comunidades cooperativas. Longos cabelos, roupas coloridas, dedos em V e muitos sonhos de paz e amor eram a tônica daquele momento. As drogas, alucinógenas, serviam às 'viagens' coletivas, sem violência. Sem abuso. Outros tempos.

Por essa época, foi introduzido no Brasil, por Tomio Kikuchi, um sistema alimentar criado pelo japonês George Osawa. Chamava-se macrobiótica = vida longa, vida maior. Nada de carne; verduras e cereais bem cozidos; sopas temperadas com molho shoyu; algumas raízes exóticas; e chás, muitos chás. Proliferaram os restaurantes e eu, que morava no Rio de Janeiro, vivendo meu primeiro casamento com um carioca, almoçava no Zan, do Flávio Zanata, ou na Associação Macrobiótica, ambos próximos do meu local de trabalho.

Bons tempos: a gente fazia a dieta de uma semana de arroz integral para desintoxicar e sentia uma leveza quase próxima da euforia. Era uma comidinha viciante, porque era leve e saborosa. E me fez um bem enorme: educou-me para uma opção alimentar mais saudável.

Hoje, alguns bons anos depois, não uso mais este sistema. Até porque o próprio Kikuchi disse, certa vez, que dietas são para curar problemas específicos; depois pode-se comer de tudo, guardando, obviamente, a moderação.

Continuo comendo muito arroz integral, embora não siga os preceitos macrobióticos no preparo. O sabor é muito mais agradável, o valor nutritivo é sem comparação com o beneficiado(?) e, de quebra, come-se menos, porque sustenta mais. Ou seja, reduz-se a ingestão de carboidratos, que viram gordura abdominal e triglicérides.

O modo de preparar preconizado pelo sistema macrobiótico é assim: coloca-se em uma panela de pressão o arroz e a água, na proporção de 3/1. Por exemplo, para uma xícara de arroz integral, três de água. Sem qualquer tempero. Cozinha-se lentamente e come-se com gersal e salsa picadinha por cima. O gersal é um preparado com sal e sementes de gergelim. Torra-se uma colher(sopa) de sal marinho com oito colheres(sopa) de gergelim, até que um perfume próximo do amendoim torrado invada a cozinha. Depois, bate-se no liquidificador até virar uma farinha que fica muito parecida com paçoquinha e é de-li-ci-o-sa!

Eu preparo do mesmo modo que preparo o arroz branco: frito o arroz numa panela, com uma colher de azeite, acrescento o alho amassado, coloco bastante água na panela, porque o cozimento é mais lento, tampo e, cerca de 40 minutos depois fica pronto um arroz soltinho, cheiroso e al dente, como gostamos de comer aqui em casa. Aí, é só servir e cobrir com uma porção de gersal - alguns conhecem com o nome de gomásio - para temperar e salsa picadinha por cima. Eu mesma planto minha salsinha e prefiro a lisa, que é mais saborosa; a crespa é mais perfumada, mas não tem o mesmo sabor.

Tenho uma preferência pelo arroz cateto - o agulhinha, na minha opinião, não é tão gostoso. E, mesmo não estando aqui a fazer propaganda de marcas, ou indústrias alimentícias , digo, sem qualquer pudor, que meus produtos favoritos - arroz, farinha integral, sal marinho, gergelim, dentre outros - levam o selo da Mãe Terra, ou da Vitao, porque ambos têm um compromisso com a qualidade e o meio-ambiente.

Aprendi, com minha mestra Rachel Barros, que um prato de arroz integral com gersal, feijão, e uma folha verde escura, crua ou cozida, fornecem o aporte diário de proteína necessário a um adulto. Tudo de bom.

No mundo inteiro, existe um movimento para reduzir o aquecimento global através da não ingestão de carne. Chama-se Segunda sem Carne e mesmo para os que não resistem a um belo bife, bovino ou suíno, grelhado, ou um franguinho ensopado, ou ainda um peixe assado, deixar de comer carnes às segundas por uma boa causa não é assim tão difícil. A combinação da minha mestra é uma boa opção. Você pode acrescentar outros vegetais, se quiser incrementar a refeição.



(imagem da internet)

Cereais integrais sabem mais agradáveis aos paladares sutilizados. Sua ingestão faz bem à saúde de maneira geral, pela facilidade de digestão e a função reguladora do intestino. E como o arroz está para nós assim como o alpiste para os passarinhos, como diz meu marido, que façamos a melhor escolha, certo?

Beijos. Bon appetit!

6 comentários:

Cristina disse...

Ângela
Aprendi muito com seu texto. Preciso mudar meus hábitos... Amo arroz, mas acabo comendo mais que devia e pior o branco. O duro é convencer o filho a comer do integral. Não conhecia isso de colocar sobre o arroz, com salasa, gergelim. Você deve cozinhar muito bem. E vc como está? Tem ido para o sítio? Espero que esteja bem e feliz! Um abraço!

Diário de Coragem disse...

Visite o blogue do projecto Diário de Coragem, e junte-se a nós na luta contra o Cancro da Mama.

http://diariodecoragem.blogspot.com

Carla Fernanda disse...

Querida Ângela ótimas dicas!
Também sou afepta da alimentação natural.
Já te falei que adoro sítios né?
Beijos,
Carla

Cancer de Mama Mulher de Peito disse...

Muito bom esse teu post.
Essa alquimia é tão importante.
Eu tento manter alguma coisa próxima ao equilíbrio, é certo que às vezes eu escorrego, e não é na maionese.
Mas, o caminho é esse, retirar do alimento quase tudo o que precisamos, para uma vida em harmonia.
Um beijo
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

Regina Rozenbaum disse...

Angelinha amaaaada!
Adorei a maçã-relógio...adorei mais essa dica...Ando(?)assim: consegui nesse dia das mães um feito...quebrei o mindinho do pé esquerdo! Pode?! E tava brincando com os meninos, e tava me desligando por alguns instantes dessa angústia que me traga... Como disse prá Zizi, devo ter jogado pedra na cruz sem saber...afff...Tô dando conta nauuummm amiga...tô nauuummm. Nem do blogue, nem de visitar, nem de nada mesmo.
Beijuuss n.a.

Drica disse...

EU ADORO ARROZ MESMO O INTEGRAL
NA VERDADE AS VEZES TENHO UMA PREGUICINHA
DE FAZER SÓ PRA MIM. PORQUE AQUI EM CASA NINGUÉM GOSTA, BOM MAS A GENTE VAI TENTANDO
MUDAR OS HÁBITOS ALIMENTARES QUANTO MAIS SAUDÁVEL MELHOR.
BOM FIM DE SEMANA BJS.