domingo, 9 de maio de 2010

Às mães e à minha mãe

Minha mãe tem nome de flor. Chama-se Dália. Posso garantir que em sua longa e profícua passagem pelo planeta perfumou a vida de muita gente. Quando partiu para o plano espiritual, chorei muito. Ela foi uma mãe inclusiva. Colocava-me, desde pequena, junto dela em cada uma de suas inúmeras atividades e assim tomei gosto por cozinha, desenho - ela decorava meus cadernos de escola com capricho de artista -, costura e bordado. Foram as coisas que a geração dela aprendeu. E que hoje muitas mulheres vêm tentando resgatar, pois somos todas muito hábeis, mesmo, naquilo que requer elaboração e cuidado com os detalhes. E amor, muito amor. Tive minha atividade profissional, uma formação acadêmica, outros interesses, mas nunca perdi esse gosto pelo que aprendi com ela.
Já se passaram quase quatro anos de sua partida, mas ainda choro. Sei, pelas minhas crenças pessoais, que ela continua viva, num outro plano, e que, talvez, olhe por mim e pelo neto que tanto amou e ajudou a criar. Mesmo sabendo que a vida não termina nunca, sinto falta de sua presença física, suave, delicada, amorosa. Minha amiga, minha grande companheira, minha mestra, meu refúgio.
Por isso, hoje, Dia das Mães, presto a ela uma homenagem na qual incluo todas as mulheres que estão vivendo a experiência da maternidade nesta existência. Da melodia, não gosto muito, ainda mais na interpretação de Nana Caymmi, un tanto lamentosa... Mas as palavras de Erasmo Carlos, um poeta oportuno e gentil, levam-me a pensar em minha mãe e naquilo que peço a ela agora.
Onde você estiver não se esqueça de mim
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor que lhe faça feliz
Se resta em sua lembrança um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver não se esqueça de mim
Onde você estiver não se esqueça de mim
Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver não se esqueça de mim.
Já estou chorando...
Tomo de empréstimo as palavras de outro poeta, Gilberto Gil, e sigo em frente, girando na ciranda da vida:
O nosso amor é como um grão
Morre e nasce trigo, vive e morre pão...

6 comentários:

Regina Rozenbaum disse...

Ai Ângela, num dei conta de responder a ninguém lá no blog, fiquei só no e-mail e quando li aquela msg linda que me enviou tive que vir aqui...Homenagem danada de linda! Nome de flor, imagino o tanto de amor...(como diz o Zé: ui, rimou!)e elas são elas... por isso somos o que somos. Por hoje chega, pq o dia cussssssstou a passar e as lágrimas não pararam de rolar. Nesse exato momento que lhe escrevo (interrompo) para ganhar dos meus filhos CLARICE e com aquele amor, que nem sei como, de terem "aguentado" uma mãe burricida de triste ao longo de todo esse dia. Mas mãe também tem esse direito, né?
Beijuuss n.c.

Guma disse...

Angela, estimada amiga:
Linda homenagem repleta de sensibilidade e tão saudosa.
Não se fica indiferente ao teu maravilhoso texto que subscrevo e onde nos revemos nesse amor único e indescritível que é o das MÃES, nosso porto de abrigo.
Kandandos meus

Angela Fonseca disse...

Rê querida, na verdade estava tão emotiva que não tinha me decidido a homenagear minha mãe no blog. Mas, quando vi o seu texto, resolvir 'explodir o coração' e por todo o meu amor pela baixinha a público. Valeu. Chorei muito, mas é um choro bom, de saudade boa, por tudo que ela representou e representa. Muitos beijos carinhosos para você.

Angela Fonseca disse...

Querido Kimbanda, que alegria que você está de volta, após um momento de introspecção. Você entendeu, com toda a sua sensibilidade, a homenagem que quis prestar àquela que me trouxe à vida e fê-la valer a pena. Obrigada. Beijos carinhosos

foureaux disse...

Bela homenagem. E sincera! Nada mais a dizer!
beijinho

Angela Fonseca disse...

Eu também disse tudo nesse texto. Agora é só a emoção, que me acompanha todos os dias de minha vida. Bjs